terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

origem das igrejas cristãs

                   Um Breve Estudo Sobre a Origem das Igrejas Cristãs

                                                  CAPITULO I

A ORIGEM DO APELIDO “CRISTÃO” - QUE SIGNIFICA A PALAVRA “CRISTÃO”

 

O significado para a palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nas

escrituras. Hoje, qualquer um que segue uma religião denominada “cristã”, acha se

no direito de dizer que é um cristão. Alguns são tão depravados em sua forma de

viver  que  de  maneira  nenhuma fazem  jus  a  essa  palavra.  Outros  são  tão  errados

biblicamente e mesmo assim insistem em achar-se cristãos. E aí está o problema:  

O próprio indivíduo achar-se um cristão quando não o é.

 



A palavra cristão como é usada na bíblia é um apelido. E este apelido referia-se aos

crentes  que  andavam  de  uma  forma  digna.  A  conduta  (dentro  da  família  e  da

sociedade),  a  transformação  interior  e  exterior,  sucediam  a  profissão  de fé  destes

crentes. Tamanha era a transformação que se tornavam impossíveis de não serem

notados. Então a própria sociedade, testemunhando esta transformação, chamava-

os de “cristãos”. Assim, ser apelidado de cristão seria uma grande honra a qualquer

crente.  

 



É    errado,      mesmo       numa       igreja    considerada         correta,     chamar       pessoas       não

regeneradas  de  cristãos.  Não  vemos  na  Bíblia  um  só  exemplo  dos  apóstolos

considerarem verdadeiros crentes aqueles que ainda viviam no pecado. Paulo nos

dá  um  grande  exemplo  disso  em  I  Co  6,9-11;  quando  fala  que:  “Os  injustos  não

herdarão o reino de Deus”, e numa lista muito ampla dá exemplo do que é ser um

injusto:  “Não  vos  enganeis,  nem  impuros,  nem  idólatras,  nem  adúlteros,  nem

efeminados,  nem  sodomitas,  nem  ladrões,  nem  avarentos,  nem  bêbados,  nem

maldizentes,  nem  roubadores,  herdarão  o  reino  dos  céus,  e  tais  fostes  alguns  de

vós”.  Alguns  Coríntios  foram  achados  nos  pecados  mencionados  acima.  Foram!  

Mas o sangue de Jesus lavou-os, santificou-os e os justificou. O pecado era coisa do

passado  na  vida  destes  crentes.  Achar  que  se  é  um  cristão  por  pertencer  a  uma

igreja denominada de cristã é um grande erro. A maior igreja cristã do mundo tem

um  bilhão  e  duzentos  milhões  de  fiéis.  Todos  idólatras,  ou  então  não  estariam  lá.

Herdarão os mesmos o reino dos céus? Se não herdarão os reino dos céus porque

é certo chamá-los de cristãos?  

 



O  verdadeiro  significado  da  palavra  “cristão”  não  está  tanto  neste  lindo  apelido.    

Está na pessoa que aceita Jesus como seu salvador e vive dignamente como um

verdadeiro discípulo do Senhor Jesus Cristo.  

 



A  palavra  cristão  também  não  é  um  nome  próprio  dado  por  Jesus  aos  seus

discípulos. Ele jamais chamou um de seus apóstolos  ou qualquer outra pessoa de

“cristão”.     Ele     simplesmente           chamava-os          de    “discípulos”       ou     “seguidores”.              

Esta palavra, no sentido que é usada na Bíblia, é nada mais e nada menos que um

apelido dado aos discípulos ou membros da igreja de Jesus Cristo.  

 



                               ONDE SURGIU PELA PRIMEIRA VEZ

                                                           



O  apelido  “cristão”  surgiu  pela  primeira  vez  na  cidade  de  Antioquia  em  referencia

aos  discípulos de  Cristo  naquela  cidade  (At  11,26).  Foram  assim  chamados  pelos

moradores  daquela  grande  metrópole  devido  ao  bom  exemplo  que  davam  e  por

sempre testemunhar a respeito de Jesus.


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Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidos que eles tinham, como

por  exemplo  o  de  “nazarenos”,  apelido  pelo  qual  eram  conhecidos  os  discípulos

pelos judeus (At 24,5).O apelido cristão generalizou-se de tal forma que em pouco

tempo todos os membros das igrejas de Cristo foram assim chamados.  

 



Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo até meados do

terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome

a este apelido.  

 



Até  o  século  terceiro  não  havia  nenhuma  instituição  denominacional  como  temos

hoje. Não havia a Igreja Católica, ou a Igreja Batista, ou a Igreja Anglicana. Havia

apenas a Igreja de Jesus Cristo, e como vimos, seus membros foram apelidados de

cristãos. Jesus, ao instituir sua igreja, nunca chamou-a por um nome como Católica

ou Batista. Chamava-a de “minha igreja” (Mat. 16,18), ou quando muito, colocava o

nome da cidade onde ela se encontrava, “Igreja de Esmirna” (Apoc. 2,8).  

 



                          O CRESCIMENTO DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS

 



O   crescimento   dos   cristãos   foi   espantoso.   O   núcleo  formado   por   Cristo   em

Jerusalém  se  espalhou  para  a  Judéia,  Galiléia  e  Samaria.  Não  tardou  muito  e  o

evangelho atravessou as fronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a

Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía

grandes  centros  de  cristãos.  Nos  lugares  mais  longínquos  não  seria  tão  difícil

encontrar um cristão professando a fé bíblica.  

 



O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coração

dos  apóstolos.  Esse  espírito  foi  transmitido  a  primeira  geração  de  convertidos,  os

quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o

mundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos

(ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgar

pelo  que  diz  Paulo  era  sempre  no  mesmo  local  -  I  Co  11,18  e  20  ),  facilitava  o

esparramar do evangelho. O costume de prédios par as igrejas favorece no conforto

e na questão denominacional, mas desfavorece no sentido de trazer novas pessoas

a Jesus. A julgar pelas escrituras será preciso as  igrejas verdadeiras repensarem o

fator prédio.  

 



            AS PERSEGUIÇÕES SOFRIDAS PELOS CRISTÃOS ATÉ 313 D.C.

 



O  crescimento  veio  acompanhado  do  ciúmes  do  judaísmo  e  das  religiões  pagãs,

sendo as últimas protegidas pelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez

vítimas como Estevão e o apóstolo Tiago. Décadas depois o paganismo entrou em

ação, e com o apoio dos imperadores, suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano,

imperador  entre  98  a  117,  decretou  um  ofício  em  que  o  cristianismo  em  si  já

constituía um crime, e todos que nele fossem encontrados deveriam ser julgados e

punidos  com  a  morte.  Ofícios  como  este  voltaram  a  ser  decretados  por  outros

imperadores,  e  bem  como  este  davam  força  às  religiões  pagãs  para  tentarem

destruir a igreja de Cristo.  

 



Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. Tertuliano,

escreveu  certa  vez  que:  ”o  sangue  dos  cristãos  era  uma  semente.  Quanto  mais

matava mais crescia.”  

 


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A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam as

atrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem

diversos se convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos

crentes. Ë certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis.

Além do que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida

a igreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente.  

 



Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Sempre houve as erradas. Desde o

tempo  apostólico  as  heresias  entraram  e  permaneceram  em  algumas  igrejas  de

Cristo. Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve

no terceiro século uma grande desfraternização das igrejas cristãs.  

 



                                                      CAPITULO II

                                                                 



                 A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS

 



O terceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história das

igrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o ano

de 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entre as igrejas por

motivos doutrinários e organizacional.  

 



Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as

igrejas   sofriam   externa   e   internamente.   Externa   devido   as   perseguições   já

mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois

erros absurdos totalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a

salvação pela graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.  

 



        OS DOIS ERROS QUE DIVIDIRIAM AS IGREJAS ENTRE 225 a 253 A.D.

                                                                 



                                    O Batismo Como Meio de Salvação

 



Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem

poderia  alcançar  o  céu.  O  ensinamento  de  Jesus  e  posteriormente  dos  apóstolos

eram  unanimes:  “Pela  graça  somos  salvos”.  O  Novo  Testamento  nunca  deixou

dúvidas  sobre  este  assunto.  Mesmo  nas  igrejas  primitivas  esse  foi  um  problema

sério.  O  primeiro  concílio  das  igrejas  em  Jerusalém  foi  realizado  justamente  para

resolve-lo.  O  próprio  apóstolo  Pedro,  vendo  que  havia  contenda  sobre  o  assunto,

deixou claro que: “cremos que seremos salvos pela graça”. Portanto, o ensinamento

bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela

graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.  

 



Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada

nas  escrituras,  muitos  pastores  começaram  a  ensinar  que  a  salvação  não  era

apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam:

“A  Bíblia  tem  muito  a  dizer  em  relação  ao  batismo.  Muita  ênfase  é  colocada  na

ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com

a  salvação”.  Dessa  forma  criou  corpo  a  idéia  de  REGENERACÃO  BATISMAL,  ou

seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo

no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a

aparecer: O batismo infantil.  

 



                                 Formação de Uma Hierarquia Temporal

                                                                 



                                         Hierarquia Dentro das Igrejas


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Além desse grave erro houve um outro. Foi o surgimento dentro das igrejas de uma

hierarquia  temporal.  Um  erro  que  fere  a  autoridade  única  do  Senhor  Jesus  Cristo

sobre  sua  igreja.  Nenhum  dos  apóstolos,  jamais,  em  versículo  algum  do  Novo

Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia

homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé,

ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se  consideram homens comuns,

sujeitos  aos  desejos  da  carne  e  com  possibilidade  de  queda  (At  l0,15-16;  Rom

7,24;).

 



Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de

alcançar  a  primazia  entre  seus  semelhantes.  Muitos  começaram  a  se  desviar  do

ensinamento  de  que  todos  os  membros  são  iguais  dentro  da  igreja.  O  pastor

começou a exercer um papel de “chefão”. Alguns historiadores relatam esse erro da

seguinte forma:  

 



                               O pastor de Hermas ( cerca de 150 A.D.)

 



‘Mestres  dignos  não  faltam,  mas  há  também  tantos  falsos  profetas,  vãos,  cúpidos

(desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisa na vida não é a prática

da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando.”

 



                                           O Historiador Mosheim:

 



“Os  pastores  aspiravam  agora  a  maiores  graus  de  poder  e  autoridade  do  que

possuíam  antes.  Não  só  violavam  os  direitos  do  povo  como  fizeram  um  arrocho

gradual dos privilégios dos presbíteros...”  

 



Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do “bispo”.  

Comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo de um

crente  chamado  Diotrefes.  O  apóstolo  deixa  claro  que  esse  homem  “buscava  a

primazia entre eles”, referindo-se é claro aos irmãos na fé. Diotrefes tornou-se tão

audacioso,  que,  quando  João  escrevia  para  a  igreja  ele  impedia  que  os  irmãos

lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempo dos

apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhor

da igreja (I Pedro 5,1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: “Não como

tendo  domínio  sobre  a  herança  de  Deus”.  O  pastor  jamais  deve  ser  o  chefe  da

igreja, mas o servo que irá conduzir o rebanho.  

 



Essa terrível idéia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve início

na pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a

buscar a primazia entre os demais.  

Chegou  a  envolver-se  num  problema  que  não  lhe  pertencia  por  direito,  querendo

mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele

foi  Inácio,  bispo  de  Antioquia  na  Síria,  que  viveu  entre  o  I  século.  -  II  século.  Ele

exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros (20,2).

Chegou  a  comparar  a  obediência  ao  bispo  monárquico  com  as  cordas  de  uma

harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar

os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos.

Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais

autores  desta  mudança  de  governo  da  igreja,  pois  pugnou  pelo  poder  dos  bispos

com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa.  

 


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Como se pode observar não foi uma lei feita do dia  para a noite. Foi uma heresia

que  aos  poucos  penetrava  dentro  das  igrejas,  a  saber,  nas  igrejas  maiores  dos

grandes centros.  

 



                                          Hierarquia Entre as Igrejas

 



Esse erro veio a favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter

autoridade sobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou

seja:   a   igreja   de   Antioquia   não   tinha   autoridade   sobre   a   igreja   de   Éfeso.

A  igreja  de  Éfeso  não  tinha  autoridade  sobre  a  igreja  de  Laodicéia,  e  assim  por

diante. No livro de apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia,

ele  trata  cada  uma  individualmente.  Cada  uma  tem  seu  próprio  anjo  (pastor),  e

nenhuma será recompensada ou corrigida pelo erro da sua co-irmã.

 



Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou.  

Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas

como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de

subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja.

Junto      com      as     perseguições           vinha      a    fome.      Com       isso     as    igrejas      maiores

engrandeciam-se,  e  numa  falsa  humildade,  ajudavam  as  menores.  Foi  assim  que

principalmente             Roma          passou         a      gozar        de      uma         distinção         especial.

Essa  ajuda  tinha  um  preço  muito  alto:  A  submissão  de  muitas  igrejas  menores.          

A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala.  

 



Na  luta  para  ver  qual  igreja  ia  ser  a  maior  entre  as  igrejas  erradas,  prevaleceu  a

igreja     de     Roma,        mas      é    claro,     sem      o   consentimento            dos     grandes        bispos

monárquicos,   iniciando-se   assim   uma   luta   interna   entre   as   igrejas   heréticas.              

Esse assunto será tratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.  

 



                       A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL

                                                               



                       As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens

 



Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a

maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas

desviadas  de  volta  ao  verdadeiro  costume  bíblico.  Entretanto  o  poder  político  das

igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações,

e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus.  

 



Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente

pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202

d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias  vezes os pastores

heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.  

 



                           As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude

 



O  fato  é  que  as  igrejas  erradas  ou  heréticas  não  voltaram  a  obedecer  a  Bíblia.          

Pior.      Conforme           os      anos       passavam           mais       erradas         elas      se      tornaram.

O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros

vindos  das  igrejas  heréticas.  Essa  não  aceitação,  que  a  luz  das  escrituras  é

recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só

Jesus  salva  –  foi  acrescida  com  o  rebatismo  dos  membros  vindos  das  igrejas

desobedientes.             Daí ter surgido o apelido “anabatista” para os seguidores de

Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.  


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                     A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho

 



O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto

da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e

politicamente  mais  aceitas,  não  aceitaram  passivamente  a  atitude  das  igrejas  que

rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto.

Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em

Cartago  em  225,  um  composto  de  18  e  o  outro  de  71  pastores,  em  ambas  as

assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação

pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado

como  válido.  Os  historiadores  McClintock  e  Strong  comentam  como  se  deu  essa

desfraternização: V.I pg 210.  

 



“Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da

controvérsia,  o  batismo  só  foi  considerado  válido  quando  administrado  na  igreja

correta.   Tão   alto   foram   as   disputas   sobre   a   questão,   que   dois   sínodos   se

convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais

confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão

à  África  do  Norte. Tertuliano  concordou  com  a  decisão  dos  concílios  asiáticos  em

oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o

qual  chegou  a  uma  decisão  semelhante  aos  da  Ásia.  Assim  ficou  a  matéria  até

Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em

excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes

os epítetos de rebatizadores e anabatistas”.  

 



Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi

excluída  no  ano  de  225  juntamente  com  as  outras  igrejas  heréticas.  A  atitude  do

bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade

de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um

membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318,

tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos:  

 



“Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão,  que instigado pelo espírito de

arrogância  eclesiástica,  dominação  e  zelo,  sem  conhecimento,  ligou  a  este  ponto

(salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253,

lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia,

Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles

podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo

administrar       um     segundo       batismo       aqueles      que     tinham      sido    batizados,       mas

disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como

verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois

sínodos  reunidos  em  Cartago  em  225  A.D.  um  composto  de  18,  outro  de  71

pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo

de heréticos não devia ser considerado como válido”.  

 



Num  resumo  simples  destes  dois  relatos  verifica-se  que,  no  ano  de  225  A.D.,  as

igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o

batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um

bispo  monárquico  sobre  as  igrejas.  Entre  as  igrejas  erradas  estão  as  de  Roma,

Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida

pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.  

 


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                 O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS

 



A  partir  desta  data,  253  d.C.  as  igrejas  de  Cristo  se  dividiram  em  dois  grandes

blocos.  Os anabatistas,  assim  chamados  por  não aceitarem o  batismo  das  igrejas

erradas,  e  os  católicos,  nome  dado  as  igrejas  heréticas  desde  o  ano  de  l70  por

Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de

terem  excluído  os  demais.  Com  o  passar  do  tempo  as  igrejas  erradas,  como

veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as

escrituras,  os  cristãos  anabatistas  lutavam  para  sobreviver  e  manter  de  pé  as

chamas do evangelho.  

 



                                                    CAPITULO III

                                                               



                                    A ORIGEM DOS “ANABATISTAS”

 



Como vimos no final do capítulo dois, com a desfraternização dos cristãos entre os

anos  de  225  a  253  A.D.,  surgiu  dois  grandes  blocos  de  cristãos.  O  bloco  dos

anabatistas e o bloco das igrejas erradas. Neste capítulo trataremos especificamente

com o futuro que tomou as igrejas fiéis cognominadas de “anabatistas”.  

 



                                   QUEM FORAM OS ANABATISTAS?

 



Nos  livros  de  história  e  em  muitas  enciclopédias  encontraremos  algumas  notas

sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros são chamados de “dissidentes”,

e   em   outros   de   “seita   de   heréticos”.   Há   escritores   que   não   querendo   se

comprometer  com  sua  maioria  de  leitores  católicos  ou  protestantes,  chama-os  de

“fanáticos religiosos”.  

 



Observando  estas  poucas  entre  muitas  referencias  erradas  sobre  eles,  podemos

analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que se

separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de ninguém. Apenas não

concordavam  com  heresias  dentro  da  igreja.  Se  uma  igreja  tem  20  membros.    

Quinze resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem dissidiu? Os quinze que

estão  no  erro  ou  os  cinco  que  permaneceram  fiéis?  É  evidente  que  dissidente  é

aquele que saiu daquilo que está certo e firmado.  

 



Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os apóstolos de

heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a intenção de um

anabatista mudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os pastores e membros

das   igrejas   erradas,   os   mesmos   que   posteriormente   foram   conhecidos   como

católicos.   Os   anabatistas   não   eram   uma   facção   de   cristãos.   Eles   eram   os

verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja  - Católica - que surgiu tendo como

membros indivíduos e pastores excluídos por motivos biblicamente corretos.  

 



Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda as escrituras

não  é  ser  fanático,  é  ser  discípulo  verdadeiro.  Discordar  de  heresias  não  é

fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um

fanático  por  querer  fazer  a  vontade  de  Deus?  Paulo  foi  um  fanático  quando

condenou  a  idolatria?  Pedro  foi  um  fanático  quando  discordou  da  salvação  pelas

obras? De forma alguma. A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos

está no exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro de Atos.

 



Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os verdadeiros seguidores

de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600.


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Homens  que  amavam  servir  a  Cristo.  Eram  cristãos  que  não  concordavam  com  o

erro  grotesco  de  ver  pessoas  acreditando  que  o  batismo  ajudava  na  salvação;

Cristãos  que  não  aceitavam  em  ver  um  bispo  monárquico  querendo  mandar  no

rebanho de Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original

as   igrejas   heréticas.   Foram   eles   os   autênticos   sucessores   dos   apóstolos   na

obediência a Jesus e a sua Palavra.  

 



                                   O QUE SIGNIFICA ESTE APELIDO?

 



O próprio título confessa que o sobrenome dado aos cristãos fiéis - anabatistas - é

um apelido, e tem tudo a ver com o propósito para o qual ele foi dado. Anabatistas é

uma palavra grega que significa “batizar outra vez”. O prefixo “ana” quer dizer outra

vez, e a raiz “batista” significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma

igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra vez os

membros vindos das igrejas erradas.  

 



                            ONDE E QUANDO SURGIU ESTE APELIDO?

 



Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia Menor para distinguir nesta região

as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local

de  onde  saiu  o  pastor  Montano  para  pregar  contra  os  dois  erros mencionados  no

segundo  capítulo,  os  quais,  corrompiam  as  igrejas  cristãs.  Montano  foi  um  pastor

muito  itinerante,  e  por  isso  sua  mensagem  se  esparramou  por  toda  Ásia  Menor,

fazendo que as igrejas dessa região permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos

apóstolos. Montano viveu cerca de 156 A.D.  

Foi  justamente  nessa  época  que  as  igrejas  da  Ásia  Menor  resolveram  rebatizar

membros   vindos   de   igrejas   erradas.   Então   pela   primeira   vez   uma   igreja   foi

conhecida como “anabatista”.  

 



Oficialmente ele é usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão que, indignado

com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia, resolveu chamá-las de

“anabatistas”.  O  fato  é  que  depois  do  bispo  romano  ter  se  manifestado,  todas  as

igrejas  que  não  concordavam  com  a  idéia  de  Salvação  através  do  batismo  e  da

necessidade de um bispo monárquico, foram conhecidas como anabatistas.  

 



                                        O POR QUE DESTE APELIDO

 



Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que dos cristãos ter a necessidade de

receberem outro apelido além de cristão.  

 



Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar a

grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas que

ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele ordenou.

Note  que  ele  diz:  “vos  tenho  ordenado”.  Ordem  é  ordem.  Mandamentos  são

mandamentos.  A  igreja  não  pode  fazer  aquilo  que  não  lhe  foi  ordenado,  mas

somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não podiam e nem podem se

submeter a erros heréticos como mudar o plano de salvação e a chefia da igreja!  

 



A  exclusão  das  igrejas  erradas  em  225  A.D.  pelas  igrejas  fiéis  foi  uma  atitude

necessária  para  a  conservação  do  evangelho  puro  e  original.  Assim  como  um

membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma forma uma igreja

profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas fiéis.  


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O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse que o simples fato de uma

igreja não ser fria nem quente é motivo de ser “vomitada”. Queiram os ecumênicos

ou não, já no segundo século havia dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os

infiéis.  Os  infiéis,  excluídos  em  225,  já  não  tinham  mais  o  direito  de  batizar,  ao

menos  que  se  reconciliassem.  Como  isso  não  aconteceu  perderam  totalmente  a

ordem do batismo. Aceitar o batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar

que        um       crente         excluído         saia       por       aí      batizando          todo       mundo.

Conclui-se  que  o  rebatismo  de  membros  vindos  de  uma  igreja  excluída  é  algo

necessário, pois quem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita, não

recebeu o batismo cristão.

 



Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas erradas não quiseram

arrepender-se  de  seus  erros.  Além  do  que,  não  se  chamaram  assim,  mas  foram

pelas igrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas não terem repudiado

o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma realidade da época, ou

seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as heresias das igrejas erradas.  

 



                                                   CAPITULO IV

                                                             



                       AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS

 



Como vimos nos capítulos anteriores, as igrejas fiéis, a partir do ano de 253.A.D.,

foram decididamente conhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas.  

No  presente  capítulo  estudaremos  as  aflições  que  esses  crentes  passaram  para

permanecerem             leais    ao     ensino      de    Jesus.      Foram        duas     fases      distintas     de

perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas

erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem

era  o  certo  e  quem  era  o  errado.  Aos  pagãos  o  que  interessava  era  eliminar  o

cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir desta data, o Imperador

Constantino fez uma proposta de casar o Estado com  a Igreja. As igrejas erradas

aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a  segunda fase de perseguição.

Neste  período  vemos  as  igrejas  fiéis  sofrendo  perseguições  nas  mãos  de  igrejas

erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.  

 



          PERSEGUIDAS JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.

                                                             



Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas

com  os  editos  lançados  pelos  imperadores.  As  primeiras  conhecidas  foram  as  de

Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela

segunda vez em 95 durante o governo despódico de Domiciano. Foi nesse período

que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras se deram em ll2 por Plínio e em

161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano

de  250,  quando  se  tornaram  gerais  e  violentas,  começando  com  uma  dirigida  por

Décio.  Muitos  pastores  se  desviaram  nesta  perseguição.  Em  303  Diocleciano

ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas, a deposição dos oficiais

da  igreja,  a  prisão  daqueles  que  persistissem  em  seu  testemunho  de  Cristo  e  a

destruição   das   escrituras   pelo   fogo.   Um   ultimo   édito   obrigou   os   cristãos   a

sacrificarem aos deuses pagãos sob a pena de morte caso recusassem.  

 



Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos que necessitavam

de solução.  

 


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Um dos problemas foi as duas duras controvérsias  que tiveram lugar no Norte da

África  e  em  Roma,  envolvendo  a  maneira  de  tratar  aqueles  que  tinham  oferecido

sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movida por Décio, e aqueles

que  entregaram  Bíblias  na  perseguição  dirigida  por  Diocleciano.  As  igrejas  fiéis

depuseram  do  cargo os  pastores  que  caíram  durante  este  período.  Foi  o  caso do

bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estava tudo bem, afinal

de  contas  eram  tempos  de  perseguição.  Assim,  apoiado  pelo  bispo  de  Roma,            

Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis

das erradas. Os donatistas surgiram desta questão.  

 



A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do

Cânon  do  Novo  Testamento.  Se  o  possuir  epistolas  podia  levá-los  a  morte,  os

cristãos precisavam estar seguros de que os livros  pelos quais poderiam padecer a

morte  eram  realmente  livros  canônicos.  Esta  preocupação  ajudou  nas  decisões

finais  acerca  de  qual  literatura  era  sagrada.  Foi  assim  que  resolveu-se  aceitar  os

atuais vinte e sete livros do Novo Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se

ele tinha sinais de apostolicidade;  

Verificar  se  foi  escrito  por  um  apóstolo  ou  por  alguém  ligado  intimamente  aos

apóstolos;  

Verificar  a  eficácia  do  livro  na  edificação  da  igreja  quando  lido  publicamente;  e

verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.  

 



        PERSEGUIDAS PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.

 



Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos

em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo

percebeu a clara divisão entre os cristãos.  

Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa.

Mas  precisava  que  essa  hierarquia  fosse  unanime  em  sua  fidelidade  ao  Estado.

Assim,   embora   pagão,   presidiu   concílios   da   Igreja   e   obrigou-a   a   unificar-se.              

Devido  a  essa  atitude  foi  prontamente  contrariado  pelos  anabatistas.  Indignado,  e

aliando-se  aos  cristãos  errados,  baniu  e  perseguiu  os  fiéis  que  não  concordaram

com  sua  unificação  das  igrejas.  Começaram  as  terríveis  perseguições  das  seitas

cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas,

que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partir

do    ano     313,     encontramos          a   página       mais     triste   da     história    das     igrejas.            

Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além

de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e

trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.  

 



As  heresias  que  levaram  as  igrejas  erradas  a  serem  excluídas  eram  de  princípio

duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja

se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do

Imperador,  temos  mais  uma  heresia,  e  esta  feriu  a  independência  da  igrejas  para

com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita

força aos cristãos errados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes

do que já eram. O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais.

Até   algumas   igrejas   fiéis,   vendo   neste   casamento   o   cessar   da   perseguição,

debandaram  de  lado,  diminuindo  consideravelmente  o  número  das  igrejas  fiéis  às

escrituras.  

 


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Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas heréticas mostraram

sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado que não

tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Liderados pelo

bispo  Romano  no  Ocidente  e  pelo  bispo  de  Constantinopla  no  Oriente  as  igrejas

heréticas  passaram  a  perseguir  cruelmente  as  igrejas  fiéis.  Proibiu-se  o  direito  de

culto;   proibiu-se   a   livre   interpretação   das   escrituras;   proibiu-se   o   rebatismo;              

Quem não pertencesse a igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado

a morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de

morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento,

a tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível.  

 



Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiam

de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração  dos anabatistas para os países

onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século. IV vamos encontrá-los

em  diversos  países  e  com  diversos  nomes.  No  capítulo  seguinte  será  estudada

estas fugas mais detalhadamente.  

 



                                       A FUGA DOS ANABATISTAS

                                                             



                                   MOTIVO DA FUGA: A INQUISICÃO

 



Foi  visto  no  capitulo  anterior  que  o  motivo  da  fuga  dos  anabatistas  deveu-se  ao

plano   de   extermínio   por   parte   das   igrejas   heréticas.   O   plano,   primeiramente

elaborado pelo imperador Constantino, foi seguido pelos seus sucessores e levado a

cabo      pelos      bispos      das     principais       igrejas     heréticas        como       a   de     Roma        e

Constantinopla.  Em  qualquer  enciclopédia  o  leitor  poderá  encontrar  como  foi  feito

este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Durou mais de 1200 anos e matou mais de

50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistas em todo o mundo.  

 



                            Vejamos o relato da enciclopédia BARSA :

                                                             



“Se bem que a Inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XIII, suas

origens,  contudo,  remontam  o  século  IV.  A  partir  de  então  data  a  perseguição

aqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham seus bens confiscados e eram

condenados  a  morte.   As   perseguições  foram   acentuadas  no  século   IV   e   V.            

Do século VI ao IX as perseguições diminuíram. Aumentou porém, a partir da ultima

parte do século X, registrando então numerosos casos de execuções de hereges, na

fogueira ou por estrangulamento. O papa Inocencio III (1198-1215) foi responsável

por uma cruzada contra os albingenses (anabatistas do sul da Franca), após a qual

praticou execuções em massa”.  

 



Note  na  frase  acima:  “suas  origens  remontam  o  século  IV”.  Foi  justamente  neste

período - após 313 A.D - que os cristãos heréticos, por terem unido a Igreja com o

Estado, conseguiram forcas para destruir os cristãos fiéis. Fica claro segundo este

relato  da  BARSA  que  o  motivo  ou  a  intenção  dos  cristãos  heréticos  era  a  de

exterminar os anabatistas, e método que usaram foi a famosa INQUISICÃO.  

 



No  mesmo  relato  mencionado  somos  informados  que  as  perseguições  foram

acentuadas  nos  séculos  IV  e  V.  Só  Deus  sabe  quantos  cristãos  fiéis  foram

rudemente  assassinados.  Quando  diz  que  “do  século  VI  ao  IX  as  perseguições

diminuíram”, não foi pelo fato de haver misericórdia por parte dos católicos.

 


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Quer  dizer  que  não  tinham  tantos  anabatistas  para  eles  matarem,  pois,  após

trezentos  anos  de  perseguição  e  genocídio,  ficaram   poucos  para  contarem  a

história.  A  partir  do  século  X,  lá  pelos  anos  900,  quando  em  alguns  países  o

números  de anabatistas  aumentava,  a  perseguição  recrudescia, ou  seja,  era  mais

sanguinária.  

 



Um dos motivos que no século XVI os anabatistas apareceram em grande número

na Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes lugares a Inquisição

era bem menor. No sul da Europa, devido a influencia papal, era quase impossível

um anabatista sobreviver.  

 



Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada os anabatistas

só tiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes. Fugir da inquisição

promovida pela ira e maldade papal.

 



O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:  

 



- insubmissão a hierarquia religiosa;  

- Não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha a ver com a

salvação;  

- pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;  

- negar o culto aos santos;  

- negar que Maria é mãe de Deus;  

 



                                                       CAPITULO V

                                                                   



                    IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII

 



Não  é  fácil  traçar  um  lugar  exato  para  o  movimento  dos  anabatistas,  pois  os

mesmos mudavam-se durante os períodos de graves perseguições. Outro problema

é o apelido que eles levavam. Houve tempo em que mais de um apelido foi usado

para  designar  o  mesmo  grupo  de  pessoas,  é  o  caso  dos  montanistas  na  Ásia,

Paulicianos na Armênia e Donatistas na África do Norte, todos viveram na mesma

época entre os séculos IV ao VIII. No período que vai desde o ano 160 até 1100,

houve  pelo  menos  quatro  grandes  e  influentes  grupos  de  anabatistas.  São  eles:        

Os Montanistas - principalmente na Ásia Menor; Os Novacianos - Na Ásia Menor e

na  Europa;  Os  Donatistas  -  por  toda  a  África  do  Norte;  e  os  Paulicianos  -

primeiramente no oriente médio, indo para o centro europeu e de lá para os Alpes no

sul e regiões campestres no norte da Europa.  

 



Os  apelidos  que  receberam  derivavam-se  ou  de  um  nome  pessoal  (exemplo:

Donatistas de Donato) ou podia ser derivado de um lugar (exemplo: Albingenses da

cidade  de  Albi  no  sul  da  Franca).  Porém,  o  que  mais  importava  nestes  quatro

grupos, não era o nome que recebiam, mas se realmente eram fiéis às doutrinas da

Bíblia.  

 



                 OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “MONTANISTAS”

 



Oficialmente  os  “montanistas”  foram  os  primeiros  cristãos  a  serem  chamados  de

anabatistas  pelos  cristãos  infiéis  ou  hereges.  O  apelido  montanista  vem  do  nome

próprio MONTANO, que foi um pastor frígio que viveu aí por volta de 156 A.D.  

 

 


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Foi  um  movimento  que  varreu  toda  Ásia  Menor  num  momento  em  que  as  igrejas

estavam sendo destruídas pelas heresias da Salvação pelo batismo e a idéia de um

bispo  monárquico.  Os  montanistas  insistiam  em  que  os  que  tivessem  decaído  da

primeira fé deveriam ser batizados de novo.  

 



O historiador contemporâneo Earle E. Cairns diz que o movimento “foi uma tentativa

de  resolver  os  problemas  de  formalismo  na  igreja  e  a  dependência  da  igreja  da

liderança      humana        quando       deveria      depender        totalmente      do    Espirito     Santo.”                

E também acrescentou que o “montanismo representou o protesto perene suscitado

dentro   da   igreja   quando   se   aumenta   a   força   da   instituição   e   se   diminui   a

dependência do Espirito Santo.” (O Cristianismo através dos Séculos, pg 82 e 83).  

 



Como sua mensagem era uma necessidade para as igrejas o movimento espalhou-

se  rápido  pela  Ásia  Menor,  África  do  Norte,  Roma  e  no  Oriente.  Algumas  igrejas

grandes chegaram mesmas a serem chamadas de Montanistas. Foi o caso da igreja

de Éfeso.  

Tertuliano, considerado um dos maiores Pais da Igreja, por ser bom estudante da

Bíblia,  atendeu  aos  apelos  do  grupo  e  tornou-se  montanista.  Apesar  de  serem

radicais quanto as regras de fé de uma igreja eram pessoas humildes e mansas.  

 



As igrejas erradas logo reagiram contra esse movimento.  

No concílio de Constantinopla, em 381 (portanto nesta época a igreja e o Estado já

estavam  casados um com  o outro),  os pastores  das  igrejas  heréticas  ou  católicas

declararam que os montanistas  

deviam ser olhados como pagãos, serem julgados e mortos.  

 



As  igrejas  erradas  tinham  verdadeiro  ódio  aos  montanistas.  O  próprio  Montano  é

visto como um arqui-herege da Igreja. Os livros inventam e condenam o movimento

chamando-o  de  pagão  e  anti-cristão.  Na  verdade  pagãos  e  anti-cristãos  eram  os

membros  das  igrejas  erradas.  Assim  que  as  igrejas  erradas  se  casaram  com  o

Estado veio a perseguição das mesmas contra os montanistas.  

 



Vale um ressalvo ao amigo leitor. Muitas enciclopédias, ou livros, mencionam coisas  

ruins  sobre  grupos  anabatistas  (tais  como:  Montanistas,  Donatistas,  Novacianos,

Cátaros,  Paulicianos,  Valdenses,  Albingenses,  e  até  mesmo  os  Anabatistas  do

século XVI). Temos que lembrar que faz parte da natureza corrompida do homem

culpar os outros por seus erros, bem como, difamar o outro para salvaguardar sua

vida ou sua integridade diante dos outros. Vejamos o caso dos judeus no tempo de

Cristo. Os tais, malignamente mataram o Senhor Jesus, e, sabendo da ressurreição,

colocaram vigias para guardarem o túmulo (Mat. 27:62-66). Não podendo evitar que

Jesus saísse de lá, resolveram difamar seus discípulos, pagando aos guardas que

mentissem, dizendo terem roubado o seu corpo (Mat. 28:11-15).  

 



Não fosse a Bíblia, a Palavra de Deus, testemunhar que era mentira o que diziam os

judeus,  e  então,  estaríamos  todos  pensando  que  Jesus  nunca  ressuscitou.  Aliás,

este ainda era o pensamento no tempo do apóstolo Paulo (Atos 25:19), sendo que o

próprio  Pôncio  Festo,  governador  da  Judéia,  acreditava  nesta  mentira  inventada

pelos  judeus.  Portanto,  não  podemos acreditar  nas enciclopédias e  livros  que  são

escritos por católicos ou protestantes, os quais, participaram de massacres contra os

anabatistas.  Os  Cátaros  –  também  conhecidos  como  albingenses  –  por  exemplo,

foram terrivelmente esmagados numa cruzada ordenada pelo Papa Inocêncio III.  


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Foi  um  grupo  praticamente  exterminado  numa  das  mais  cruéis  e  sanguinolentas

ações assassinas já vista no mundo religioso. Não contentes com isso, os escritores

católicos passaram para suas sucessivas gerações, que os pacíficos cátaros, eram

homens         pagãos,       sem      Deus,       descendentes          do     Maniqueísmo.           E    porquê?                

Porque  assim  eles  não  são  discriminados.  Se  não  são  discriminados  pelas  suas

atitudes,  logo,  não  são  acusados  e  mal  vistos  por  uma  sociedade  que  aceita  a

testemunha viva que mente e rejeita a testemunha morta que não pode se defender.

Ora, ora, ora. Esse é um grande golpe do catolicismo da era medieval, e também foi

usado por Calvino e Lutero. Qual golpe? O golpe da testemunha morta.  

 



A testemunha morta é a melhor testemunha que existe . Porquê? Porque testemunha

morta  não  fala,  não  escreve,  não  vai  a  tribunais,  e  não  pode  pedir  que  se  faça

justiça. A melhor coisa para o assassino é que sua testemunha morra. Assim ela não

o  acusa.  E  melhor,  ela  não  pode  se  defender  de  nenhuma  das  mentiras  que  o

assassino inventa. Não é de admirar que algumas enciclopédias e livros falam tão

mal de alguns grupos anabatistas. São todos ligados e envolvidos na mentira.  

 



Peço que o leitor reflita: “Quem estaria com a verdade? Os Cátaros, os Paulicianos e

os  Anabatistas  do  século  XVI,  ou  a podre Igreja  Católica,  assassina,  mentirosa,  e

que tem pervertido a verdade de Deus em mentira, tais como: Purgatório, adoração

a    Maria,      Adoração        a    imagens,       Imaculada         Conceição,        e    etc.,    etc.,   etc.”.                  

Quem será que mente? Que tal pensar e medir as coisas como Cristo ensinou:  

 



“Acautelai-vos porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas,

mas,   interiormente,   são   lobos   devoradores.   Por   seus   frutos   os   conhecereis.

Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (Mat. 7:15-16).

Se  o  leitor  concorda  com  o  fruto  produzido  pelo  catolicismo  (idolatria,  mentira,

egoísmo,        entre     outros),     os    quais     são     mencionados          como   obras         da    carne      

(Gálatas   5:19-21),   infelizmente   o   estudo   sobre   a   Origem   não   pode   ajudá-lo.        

Mas caso o leitor esteja resolvido a olhar com os olhos da fé sobre estes erros e

condená-los, então, continue a ler.  

 



                 OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “NOVACIANOS”

 



O  segundo  grupo  de  anabatistas  oficialmente  conhecidos  são  os  “novacianos”.

Assim como os montanistas este apelido é proveniente do nome próprio “Novácio”.

Novácio foi um pastor da Ásia Menor que viveu cerca de 251 A.D. Pouco sabemos

sobre sua pessoa, mas a julgar pelos membros de sua igreja foi um homem fiel a

Deus.  Os  novacianos foi  o primeiro  grupo  a  ser  chamado  de  catharis,  ou  seja,  os

puros.  Isso  devido  a  pureza  de  vida  que  levavam.  Temos  algumas  informações  a

respeito  destes   anabatistas  pelos  maiores   historiadores   da   historia   da   Igreja:  

Mosheim,  Vol.  I,  pag  203  “Rebatizavam  a  todos  que  vinham  do  Catolicismo”.  

Orchard em Alix’s Piedmont C 17, pg.. 176  

 



“As  igrejas  assim  formadas  sobre  o  plano de  comunhão  restrita e  rígida  disciplina

obtiveram a alcunha de puritanos. Foram a corporação mais antiga de igrejas cristãs

das quais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até

hoje. Tão cedo como em 254 esses dissidentes (cristãos verdadeiros) são acusados

de terem infeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo

dos albingenses...  

 


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Estas  igrejas  existiram  por  sessenta  anos  sob  um  governo  pagão,  durante  cujo

tempo  os  velhos  interesses  corruptos  em  Roma,  Cartago  e  outros  lugares  não

possuíam meios senão os da persuasão e da censura para pararem o progresso dos

dissidentes.  Durante  este  período  as  igrejas  novacianas  foram  muito  prósperas  e

foram plantadas por todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu

serviço a comunidade. Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram

achados extensivos e numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono

em 306 A.D.”  

 



                                       W. N. Nevins, comenta que:

 



“Na  conclusão  do  quarto  século  tinham  os  novacianos  três  ou  quatro  igrejas  em

Constantinopla,  assim  como  em  Nice,  Nicomédia,  Cocíveto  e  Frigia,  todas  elas

grandes  e  extensivas  corporações,  além  de  serem  muito  numerosas  no  Império

Ocidental.  Havia  diversas  igrejas  em  Alexandria  no  século  quinto.  Aqui  Cirilo,

ordenado   bispo   dos   Católicos   Romanos,   trancou   as   igrejas   dos   novacianos.            

O  motivo  foi  o  rebatismo  dos  católicos.  Foi  lavrado  um  édito  em  413  pelos

imperadores Teodósio e Honório declarando que todas as pessoas rebatizadas e os

rebatizadores seriam punidos com a morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro

com  outros  foi  assim  punidos  por  batizar.  Como  resultado  da  perseguição  nesse

tempo muitos abandonaram as cidades e buscaram retiro no país e nos Vales do

Piemonte, onde mais tarde foram chamados de valdenses.”.  

 



O  Dr.  Robinson  em  Eclesiastical  Reserches,  126  traça  a  sua  continuação  até  a

reforma         e     a     aparição        do      movimento           anabatistas          do     século.        XVI.

E acrescenta: “Depois quando as leis penais os obrigaram a se esconder em lugares

retirados e a adorarem a Deus secretamente, foram designados por vários nomes”.

 



Parece  que  o  movimento  dos  novacianos,  apesar  de  iniciar  um  século  depois  do

movimento  montanista,  cresceu  mais  que  o  primeiro,  pelo  menos  no  ocidente.

Enquanto  o  Montanismo  crescia  na  Ásia  Menor  e  no  Oriente,  os  novacianos

cresciam  mais  no  ocidente.  Um  terceiro  grupo,  os  donatistas,  cresciam  mais  na

África do Norte.  

 



                 OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “DONATISTAS”

 



  Os   donatistas   foram   o   terceiro   grupo   a   serem   oficialmente   chamados   de

anabatistas. Foram assim chamados devido serem da mesma opinião que Donato,

pastor na cidade de Cartago por volta do ano 311 A.D.  

 



                                         A Origem dos Donatistas

 



Este  movimento  apareceu  em  Cartago  durante  a  perseguição  de  Diocleciano.                

O  motivo  foi  simples:  Recusaram  comunhão  comum  com  os  pastores  apóstatas

como  foi  o  caso  de  Felix,  pastor  da  maior  igreja  em  Cartago.  Felix  sacrificou  aos

ídolos  e  ao  imperador  na  perseguição  de  Diocleciano.  Muitos  fiéis  morreram  na

mesma  época  por  recusar  agir  da  mesma  forma.  Findada  a  perseguição  Felix

ordenou ao ministério Ciciliano, acusado de ser um  traidor. Donato solicitou a sua

deposição, pois, sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempo da perseguição

invalidava  a  possibilidade  de  Felix  ordenar.  Esta  solicitação  é  justa  e  bíblica.          

Se um pastor é deposto de seu cargo por cair na apostasia que direito ele terá de

ordenar  alguém?  Apoiado  pelos  pastores  das  grandes  igrejas  do  ocidente,  Felix

permaneceu no cargo.  


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Desapontados em ver as escrituras sendo atropeladas os cristãos fiéis do norte da

África fizeram o mesmo que os do Oriente, Ásia Menor e do Ocidente, excluíram da

comunhão  os  pastores  e  igrejas  infiéis.  Os  que  assim  agiram  foram  conhecidos

como Donatistas.  

 



A  Identificação  dos  Donatistas  com  os  outros  grupos  de  anabatistas  Donatistas  e

Novacianos eram idênticos em sua doutrina e disciplina. Crispim, historiador francês,

diz  deles  que  concordavam:  “Primeiro,  pela  pureza  dos  membros  da  igreja,  por

afirmarem que ninguém devera ser admitido na igreja senão tais como verdadeiros

crentes  santos  e  reais.  Depois  pela  pureza  da  disciplina  da  igreja.  Terceiro,  pela

independência  de  cada  igreja.  Quarto,  eles  batizavam  outra  vez  aqueles  cujo

primeiro batismo tinham razão de por em duvida”.  

 



Não há dúvida de que a maior identificação que liga os quatro grupos de anabatistas  

primitivos  -  montanistas,  novacianos,  donatistas  e  paulicianos  -  foi  a  recusa  em

aceitar as heresias pós-apostólicas das igrejas erradas. Isso levou-os a rebatizar os

membros vindos dessas igrejas e consequentemente recusar a comunhão com as

mesmas.  O  certo  é  que  todas,  por  defender  as  verdades  bíblicas,  receberam  o

apelido de anabatistas. Os Donatistas perseguidos verbalmente por Agostinho;              

Um fato interessante da história dos donatistas é a disposição de Agostinho, o tão

famoso pai da igreja, em debater esses fiéis, mais  precisamente ao bispo donatista

Petiliano. Agostinho tentou censurá-los em palavras, mas diante da Bíblia não houve

como  vence-los,  pois  a  Bíblia  dava-lhes  razão.  Perdendo o  combate  em palavras,

Agostinho  passou  a  persegui-los  com  a  espada  imperial.  Condenou  os  donatistas

nas seguintes questões:  

 



 - Eram separatistas. Negavam-se a unirem com as igrejas oficiais;  

 



 - Insistiam no rebatismo dos que passavam da igreja oficial para a deles;  

 



 - Eram irredutíveis em questão de fé;  

 



O  bispo  donatista  Petiliano,  contra  quem  Agostinho  debateu,  assim  respondeu  ao

bispo católico: - “Pensai vós em servir a Deus matando-nos com as vossas mãos?

Enganais  a  vós  mesmos.  Deus  não  tem  assassinos  por  sacerdotes.  Cristo  nos

ensina a suportar a perseguição, não vingá-la”. E o bispo donatista Gaudencio diz: -

“Deus não nomeou príncipes e soldados para propagarem a fé. Nomeou profetas e

pescadores”.  

 



Os bispos católicos (alguns na África) começaram uma nova moda a partir de 370

A.D. Foi a de batizar criancinhas recém-nascidas. Uma idéia prontamente defendida

por Agostinho, que fez o seguinte comentário: “Quem não quer que as criancinhas

recém-nascidas  do  ventre  das  suas  mães  sejam  batizadas  para  tirarem  o  pecado

original...  seja  anátema”.  Essa  idéia  tão  anti-bíblica  foi  totalmente  recusada  pelos

donatistas. Aumentou assim as divergências entre católicos e donatistas.  

O Crescimento dos Donatistas;  

 



O  crescimento  desse  grupo  de  anabatistas  foi  espantoso.  No  concílio  feito  por

Teodósio II em 441 na cidade de Cartago, compareceram 286 bispos da igreja oficial

e 279 bispos donatistas. Robinsom declara que: “tornaram-se tão poderosos que a

corporação católica invocou o interesse do imperador Constantino contra eles, pelo

que   os   donatistas   inqueriram:   -   que   tem   o   imperador   a   ver   com   a   igreja?

Que tem os cristãos a ver com o rei? Que tem os bispos a ver no tribunal?”.  


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O  historiador  Orchard,  relatou  que:  “tornaram-se  quase  tão  numerosos  como  os

católicos  romanos”.  E  o  historiador  Jones  diz  na  sua  Conferencia  Eclesiastica,    

Vol. I, pg 474: “Rara era a cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja

donatista”.  

 



                                 A Perseguição contra os Donatistas;

 



O  crescimento  foi  tanto  que  espantou  Constantino..  Este  imperador,  que  dizia-se

cristão, encheu as igrejas oficiais de favores. Na  História da Igreja Católica, página

20, temos o seguinte relato: “O clero foi colocado  no mesmo pé de igualdade dos

sacerdotes  pagãos  em  matéria  de  isenção  e  obrigação  civis.  Eram  permitidos  os

testamentos          em      favor     da     igreja”.     No     mesmo         livro    na     página       vinte     diz:

“Constantino  fez  doações,  saídas  do  tesouro  público  a  igreja  que  começava  a

acumular bens e grandes rendimentos”.  

 



Estes favores porém, só eram concedidos as igrejas oficiais, justamente aquelas que  

venderam a fé por privilégios humanos, aquelas que  desde o princípio precisaram

ser  excluídas  por  mudarem  até  o  plano  de  salvação.  Na  página  24  do  livro  já

mencionado, segue-se o seguinte relato: “Aboliram a lei da crucificação, porém, não

estendeu  nenhum  desses  favores  aos  cristãos  dissidentes,  os  montanistas  por

exemplo. No seu entusiasmo de preservar a unidade de fé e disciplina, o imperador

mostrou-se tão ativamente hostil para com os dissidentes, tais como os donatistas,

que qualquer um que novamente estivesse preocupado  com a futura liberdade da

igreja teria passado um mal bocado”. No livro O Papado na Idade Média, pagina 24,

esse   relato   é   confirmado:   “Constantino   não   podia   tolerar,   especialmente   a

diversidade das crenças e dos cultos que caracterizava a igreja enquanto ainda vaga

a   confederação.   Manifestou   essa   resolução   imediatamente,   quando,   após   os

sínodos  pouco  categórico  de  Roma,  Cartago,  e  Arles,  condenou  pessoalmente  os

donatistas no ano de 316 A.D.  

 



O  movimento  foi  praticamente  exterminado  com  a  chegada  dos  muçulmanos.        

Em 722 A.D. o islamismo tomou conta do norte da África. As igrejas cristãs na África,

tanto donatistas, como as católicas - tanto as de rito ocidentais como as orientais -

foram  destruídas.  O  movimento  sobreviveu  com  outros  nomes  em  outros  lugares.  

Os que conseguiram sobreviver foram para o sul da França, em Albi, para os Alpes

no sul da Europa, como o Piemonte. Devido aos decretos de punição com a morte

de   quem   não   batizasse   as   criancinhas,   ficaram   os   donatistas   praticamente

impedidos de entrar nas cidades ocidentais e orientais da Europa.  

 



                 OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “PAULICIANOS”

 



Os Paulicianos podem ter sido o mais antigo grupo de anabatistas que se conhece.

A falta de dados sobre o seu princípio, e o falso relato das igrejas orientais sobre

eles dificultam uma data exata para o inicio desse movimento.  

 



                                         A Origem dos Paulicianos;

 



As  tradições  narradas  pelos  monges  da  igreja  grega,  dizem  que  os  paulicianos

surgiram  na  segunda  metade  do  século  sétimo,  tendo  como  fundador  um  tal

Constantino.           Realmente           Constantino           ,     um       pastor        pauliciano,         existiu.

Mas era simplesmente uma pastor, que, em 690 A.D., foi morto por lapidação por

ordem dos bispos gregos.  

 


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                                     Na História de Gibbon, VI, pg 543

    Gibbon classifica o paulicianismo como a forma primitiva do cristianismo:

 



“De  Antioquia  e  Palmira  deve  ter  sido  espalhada  a  Mesopotâmia e  a  Pérsia; e foi

nestas regiões que se formou a base da fé, que se espalhou desde as cordilheiras

do Tauro até o monte Arará. Foi esta a forma primitiva do Cristianismo.  

 



                                       Noutro lugar, V, pg 386, diz ele:

 



“O   nome   pauliciano,   dizem   os   seus   inimigos   que   se   deriva   de   algum   líder

desconhecido;  mas  tenho  certeza  de  que  os  paulicianos  se  gloriaram  da  sua

afinidade com o apóstolo aos gentios”.  

 



No livro A Chave da Verdade, escrito pelos próprios paulicianos, citado por Gregório  

Magistos no décimo primeiro século, e descoberto pelo Sr. Fred C. Conybeare, de

Oxford, em 1891, na Biblioteca do Santo Sínodo, em  Edjmiatzin da Armênia, afirma

nas páginas 76-77 que são de origem apostólica:  

 



“Submetamo-nos  então  humildemente  à  Santa  igreja  universal,  e  sigamos  o  seu

exemplo,  que,  agindo  com  uma  só  orientação  e  uma  só  fé,  NOS  ENSINOU.  Pois

ainda recebemos no tempo oportuno o santo e precioso mistério do nosso Senhor

Jesus Cristo e do pai celestial: a saber, que no tempo de arrependimento e fé. Assim

COMO APRENDEMOS DO SENHOR DO UNIVERSO E DA IGREJA APOSTÓLICA,

prossigamos;  e  firmemos  em  fé  verdadeira  aqueles  que  não  receberam  o  santo

batismo  (na  margem:  a  saber,  os  latinos,  os  gregos  e  armênios  que  nunca  foram

batizados); como assim nunca provaram do corpo nem beberam do santo sangue do

nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, de acordo com a Palavra do Senhor, devemos

traze-los a fé, induzi-los ao arrependimento, e dar-lhes o batismo - rebatiza-los.”  

 



Fica  claro  que  eles  não  se  denominavam  paulicianos,  porém,  “a  igreja  Santa,

Universal  e  Apostólica”.  As  igrejas  romanas,  gregas  e  armênias,  eram  duramente

condenadas   por   eles.   Condenavam   principalmente   o   batismo   por   imposição

(praticado pelos imperadores) e o batismo infantil.  

 



Outro  relato  interessante  é  o  do  professor  Wellhausen,  na  biografia  que  escreveu

sobre  Maomé,  na  Enciclopédia  Britânica,  XVI,  pg  571,  pois  ali  os  paulicianos  são

chamados de “sabian”, que é uma palavra árabe que significa “batista”.  

 



                            Crescimento e Perseguição dos Paulicianos

 



Na  enciclopédia  acima  mencionada  diz  que  os  sabianos  -  ou  batistas  -  encheram

com seus adeptos, a Siria, a Palestina, e a Babilônia. O maior grupo estava fixado

nas regiões montanhosas do Arara e do Tauros. O motivo de escolherem este lugar

de  tão  difícil  acesso  é  a  perseguição  movida  contra  eles  pelas  igrejas  gregas.

Enquanto  Montanistas,  Novacianos  e  Donatistas  eram  perseguidos  mais  pelas

igrejas romanas, as igrejas gregas perseguiam os paulicianos no oriente.  

 



O  crescimento  não  podia  deixar  de  despertar  os  inimigos.  No  ano  de  690,  o  já

mencionado  pastor  Constantino,  foi  apedrejado  por  ordem  do  imperador,  e  seu

sucessor  queimado  vivo.  A  imperatriz  Teodora  instigou  uma  perseguição  na  qual,

dizem, foram mortos na Armênia cem mil paulicianos. Por incrível que pareça foram

tolerados  por  muito  tempo  pelos  maometanos.  Isso  deixou-os  a  vontade  e  foram

eles os grandes missionários da idade das trevas entre os anabatistas.  


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Espalharam-se pela Trácia em 970, pela Bulgária, Bosnia e Servia após o ano 1100.

Em todos estes lugares foram como missionários enviados pelas igrejas paulicianas.

O  historiador  Orchard  revela  que  “um  número  considerável  de  paulicianos  esteve

estabelecido  na  Lombardia,  na  Insubria,  mas  principalmente  em  Milão,  aí  pelo

meado  do  século  onze  e  que  muitos  deles  levaram  vida  errante  na  Franca,  na

Alemanha e outros países, onde ganharam a estima e  admiração da multidão pela

sua santidade.  

 



Na  Itália foram  chamados  de  Paterinos e  Cátaros.  Na  França foram denominados

búlgaros,  do  reino  de  sua  emigração,  também  publicanos  e  boni  homines,  bons

homens; mas foram principalmente conhecidos pelo termo albigenses, da cidade de

Albi,  no  Languedoc  superior”.  Em  1154  um  grupo  de  paulicianos  emigrou  para  a

Inglaterra, tangidos ao exílio pela perseguição. Uma porção deles estabeleceram-se

em Oxford. William Newberry conta do terrível castigo aplicado ao pastor Gerhard e

o  povo.  Seis  anos  mais  tarde  outra  companhia  de  paulicianos  entrou  em  Oxford.

Henrique   II   ordenou   que   fossem   ferreteados   na   testa   com   ferros   quentes,

chicoteados pelas ruas da cidade, suas roupas cortadas até a cintura e enxotados

pelo campo aberto. As vilas não lhes deviam proporcionar abrigo ou alimento e eles

sofreram  lenta  agonia  de  frio  e  fome.”  É  interessante  lembrar  ao  leitor,  que  João

Wycliff  (1320-1384),  considerado  a  “estrela  d’alva”  da  Reforma,  iniciou  justamente

em Oxford sua luta para reformar a podridão do catolicismo. Sem dúvida ele teve

algum  contato  com  algum  sobrevivente  dos  paulicianos.  A  partir  do  século  XII  o

nome  pauliciano  foi  caindo  em  desuso.  Conforme  suas  emigrações  e  campos

missionários, foram recebendo novos nomes ou se fundindo com os outros grupos

de  anabatistas  da  Europa.  No  sul  o  nome  perdeu-se  entre  os  albingenses  e

valdenses.  No  centro  e  norte  da  Europa  foi  aos  poucos  prevalecendo  o  nome  de

“anabatistas”.  

                                                    CAPITULO VI

                                                               



                  IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV

 



Os anabatistas dos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos  

dos anabatistas primitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido.

Vimos que na primeira geração de anabatistas havia  quatro grandes correntes, que

ia desde o Oriente Médio até a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas

correntes (os paulicianos) fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão

estudados neste capítulo.  

 



Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode

ser    bem       maior,     mas      me      falta    conhecimento           para     integrá-los       aos     demais.                  

Não  é  nossa  idéia  trabalhar  com  hipóteses.  Trabalhamos  com  declarações  e

documentos             de       estudiosos           no       assunto         de       história        das       igrejas.

Por     isso     consideraremos            apenas       dois     grupos       como      autênticos        anabatistas.                

São eles: Os albingenses e os Valdenses. A história de amor pela palavra de Deus,

e  a  perseguição  que  sofreram  decorrente  deste  amor,  é  uma  das  histórias  mais

lindas e tristes que já li.  



 



                   OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO ALBIGENSES

 



Após  os  quatro  grupos  primitivos  de  anabatistas  os  albigenses  é  o  primeiro  a  se

destacar  como  seus  descendentes.  Já  se  notou  que  os  montanistas,  donatistas  e

novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados

a se refugiar na região dos Pirineus, sul da Franca.


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Também   os   paulicianos   a   partir   do   século   XI   se   fixaram   nestes   lugares.                  

Foi  exatamente  assim  que  Deus  guardou  sua  igreja  pura  e  viva,  para  descobri-la

novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhos nomes morreram, mas a fé

permaneceu  a  mesma.  A  doutrina  também  não  mudou.  Também  não  mudou  o

costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eram identificados

como seus antecessores, ou seja, “anabatistas”.

 



                                         A Origem dos Albigenses

 



Alguns  historiadores  traçam  a  origem  dos  albigenses  como  tendo  provindo  dos

paulicianos (Enc. Brit. I pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sul

da  França  desde  os  primeiros  dias  do  cristianismo.  Este  apelido  não  provém  do

nome         de     um       pastor       famoso,         como        por      exemplo         os      novacianos.

É  um  apelido  proveniente  do  lugar  onde  os  anabatistas  se  encontravam.  Albi  era

uma cidade no distrito de albigeois, no sul da França.  

 



Após      a    perseguição         desencadeada           por     Roma       e    Constantinopla          sobre      os

montanistas,  novacianos  e  donatistas,  estes  três  grupos,  sem  exceção,  ficaram

impedidos de pregar nas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder

papal. A prática de rabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto

de conseguir a sobrevivência da fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram

esconder-se  nos  Alpes  e  nos  Pirineus.  Ao  chegarem  nestes  lugares  perderam  o

antigo  apelido  e  foram  conhecidos  por  outros  apelidos:  ALBIGENSES  -  pelo  lugar

onde se refugiaram; CÁTAROS - Devido a pureza de vida que levavam; HOMENS

BONS   -   Pela   inegável   integridade   desses   crentes;   e   ANABATISTAS   -   por

rebatizarem os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo.

 



 Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refugio - como  

foi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio - a  

saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmente  

diferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas

montanhas, uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas

neste  lugar  fez  o  dr.  Allix  calcular  o  seu  número  em  três  milhões  e  duzentos  mil

pessoas só nos Pirineus. (O batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso

saber  como  Deus  guardou  os  anabatistas  por  tantos  séculos  e  depois  ajuntou-os

num   mesmo   lugar.  É   maravilhoso   saber   que   a  podridão  do   catolicismo   não

conseguiu penetrar nessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.  

 



                                   Perseguição contra os albigenses

 



Qualquer   pessoa   pode   por   si   mesma   fazer   um   estudo   minucioso   sobre   as

atrocidades cometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um

século  contra  esse  grupo  de  anabatistas  pode  ser  lido  em  qualquer  biblioteca  de

uma  simples  escola  pública.  Basta  pegar  uma  enciclopédia  e  abrir  na  página  de

Inocencio   III.   Este   papa   católico   foi   um   dos   muitos   que   mataram   friamente

anabatistas  por  mais  de  mil  e  trezentos  anos.  Só  que  as  atrocidades  deste  papa

foram  todas  registradas  e  não  podem  ser escondidas  da  sociedade. Para  a  igreja

católica ele é um santo. Para mim o mais usado por Satanás de seu tempo.

 



O Papa Inocencio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de albi o que

foi chamada de “a quarta cruzada”. A chacina, iniciada em fins do século XII, iria se

prolongar até meados do século XIII.  


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Centenas  de  milhares  de  albigenses  -  também  chamados  de  cátaros  e  bons

homens,  foram  cruelmente  assassinados  pelo  mandato  papal.  Houve  em  1167  na

cidade de Toulouse o chamado “concílio albigense”. Assunto: Tratar simplesmente

dos hereges anabatistas que lá viviam.  

 



O resultado desse concílio foi a quarta cruzada posta em vigor pelo papa Inocencio

III.  Em  22  de  Julho  de  1209,  quase  toda  a  população de  Béziers  foi  massacrada.          

O papa Inocencio e seus sucessores, em nome de Deus, matava anabatistas como

se  mata  porcos.  Alguns  albigenses  que  conseguiram  se  refugiar  em  Montségur

(foram   estes   os   últimos   albigenses   anabatistas   a   assim   serem   chamados),

conseguiram  sobreviver  até  o  ano  de  1244.  O  escritor  Nicolas  Poulain  assim

descreveu o seu fim:  

 



“A 16 de Marco de 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do

rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram

em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos

dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente...

impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda

é conhecido como o “campo dos queimados”; ali se erigiu uma esta funerária onde

foi gravada a seguinte inscrição: “EM MEMÓRIA DOS CÁTAROS, MÁRTIRES DO

PURO AMOR CRISTÃO.”  

 



E ainda há quem defenda um homem como Inocencio III. E ainda há quem ache a

igreja católica ser a igreja que Jesus deixou. Não, não é. Deus não tem assassinos

como pastores. Sua igreja não é uma igreja assassina, pois, “a porta do inferno não

prevalecerá contra minha igreja.” Se leitor duvida do que aqui está escrito procure

saber por si mesmo a verdade. Mas busque a verdade.  

 



                   OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO VALDENSES

 



A  perseguição  que  o  papado moveu  contra  os  albigenses  durante  várias  décadas

fez  os  anabatistas  a  se  deslocarem  para  muitos  lugares.  O  nome  albigense  era

sinônimo  de  morte.  Surgiu  então  um  outro  apelido  para  designar  os  anabatistas

deste tenebroso período. Foram chamados de Valdenses.  

 



                                          A Origem dos Valdenses

 



Os livros relatam que os valdenses se originaram de um rico comerciante de Lion em

ll76. Seu nome era Pedro de Valdo, daí valdenses. Mas a verdade é que esse grupo

é   uma   continuação   dos   albigenses.   Vendo   os   anabatistas   albigenses   que   a

perseguição no sul da França não ia ter fim - como  não teve - fugiram para outras

localidades. Em suas fugas iam evangelizando e rumando sempre para o norte da

Europa. Foi onde Pedro de Valdo se converteu, e por ser famoso, os inimigos logo

apelidaram os antigos albigenses de Valdenses.  

 



Significativo é o depoimento de Raisero Sachoni. Ele foi por dezessete anos um dos  

mais ativos pregadores dos “Cátaros” ou “Valdenses”. Mais tarde uniu-se à ordem

dominicana apostatando da fé. Tornou-se um acérrimo inimigo dos Valdenses, e por

isso o papa fe-lo inquisitor da Lombardia. Por muitos anos, até sua morte, acusou e

mandou  matar  seus  ex-irmãos  anabatistas.  Foi  um  judas.  Sua  opinião  sobre  a

origem dos valdenses é como se segue:  

 


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“Entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja (católica é claro) do que os

valdenses. Por três razões: Primeira, porque é a mais antiga, pois alguns dizem que

data do tempo de Silvestre, 325 A.D. (Silvestre foi o papa que junto com Constantino

condenou os donatistas, montanistas e novacianos), outros ao tempo dos apóstolos.

Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país onde

não  existam.  Terceira,  porque,  se  outras  seitas  horrorizam  aos  que  a  ouvem,  os

valdenses,        pelo     contrário,      possuem        uma      grande       aparência       de     piedade.                    

Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no que

respeita a  sua fé,  aos  artigos  do  seu  credo,  são  ortodoxos.  Sua única falta é  que

blasfemam contra a igreja e o seu credo”.  

 



O  testemunho  desse  apóstata  é  muito  importante.  Não  é  fácil  para  um  legado

católico      dizer     que     “datam       do    tempo       de     Silvestre      ou     dos     apóstolos”.

Outro escritor, dessa vez um francês, Michelet, diz na Historie de France, II, pg 402,

Paris 1833: “Os valdenses criam numa continuidade secreta através da Idade Média,

igual a da Igreja Católica”. E Neander adiciona na  History of the Christian, pg 605,

Vol.  IV,  1859:  “Não  é  sem  fundamento  a  afirmação  dos  valdenses  deste  período

(1100 em diante), a respeito da antigüidade de sua seita, e que tinha havido, desde

o tempo da secularização da igreja, a mesma oposição (a igreja Romana) que eles

sustentavam”.  

 



Os  historiadores  que  se  tem  especializado  na  história  dos  valdenses  sustentam  a

idéia  de  que  as  doutrinas  dos  valdenses  não  se  originaram  com  Pedro  Valdo.        

Diz Faber, The Waldenses and Albigenses:  

 



“A  evidencia  que  acabo  de  produzir,  prova,  não  somente  que  os  valdenses  e

albigenses  existiram  antes  de  Pedro  de  Lião;  mas  também,  que  no  tempo  do

aparecimento  dele  nos  fins  do  século  doze,  havia  duas  comunhões  de  grande

antigüidade  (O  autor  refere-se  aos  albingenses  e  valdenses  ao  dizer  que  existias

duas  comunhões).  Segue-se,  portanto,  que  mesmo  nos  séculos  doze  e  treze,  as

igrejas valdenses eram tão antigas, que a sua origem remota foi atribuída, mesmo

pelos   seus   inimigos   inquisitoriais,   ao   tempo   além   da   memória   do   homem.                

Os romanistas mais bem informados do período, não ousaram fixar a data da sua

origem.      Eram      incapazes       de   fixar    a   data     exata    dessas       veneráveis       igrejas.                      

Tudo que se sabe é que eles tinham florescido ao longo do tempo, e que eram muito

mais antigos do que qualquer seita moderna”.

 



Portanto,  a  se  alguém  quer  saber  a  origem  dos  valdenses  saiba  que,  apesar  de

receberem  esse  apelido  somente  a  partir  de  1100,  já  eram  conhecidos  como

albigenses, paulicianos, donatistas, novacianos e montanistas. Tinham de diferente

apenas o apelido, mas eram todos de uma mesma comunhão. Também todos, sem

exceção,  foram  chamados  de  “anabatistas”.  O  fato  de  aparecer  paralelamente  no

mesmo período albigenses e valdenses, não quer dizer que os valdenses não seja

uma  continuação  dos  albigenses.  Quer  dizer  que  durante  um  período  de  mais  ou

menos meia década, enquanto o apelido albigense caía em desuso, crescia o nome

valdense. É o que chamo de período de transição. O estudante notará que a mesma

coisa aconteceu no século XVI. Neste período, enquanto caía o apelido anabatista,

surgia o apelido batista.  

                                       A doutrina dos valdenses

 



Suas doutrinas eram idênticas a dos primitivos anabatistas.


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Há dois documentos datados de cerca do ano 1260 A.D. escritos por católicos que

descrevem   os   valdenses:   Um   deles   diz:   “os   valdenses   vestiam   com   relativa

simplicidade,  comiam  e  bebiam  moderadamente,  sempre  laboriosos  estudiosos,

havendo  entre  eles  muitos  homens  e  mulheres  que  sabiam  de  cor  todo  o  novo

testamento”.  

 



O outro documento é o tratado de Davi de Augsburgo, escrito sobre os “pobres de

Lião” ou valdenses, e impregnado de ódio e antipatia. Este documento diz que os

valdenses  proclamavam-se  “discípulos  de  Cristo  e  sucessores  dos  apóstolos”  e

quando  eram  excomungados,  regozijavam-se  com  o  fato  de  terem  de  sofrer

perseguição  como  outrora  os  apóstolos,  “nas  mãos  dos  escribas  e  fariseus”.            

O  documento  informa  que  eles  rejeitavam os  milagres  eclesiásticos  e  os festivais,

ordens,  bênçãos,  etc.,  dizendo  que  essas  coisas  foram  introduzidas  pelo  clero

cobiçoso; batizavam os que abraçavam seus princípios, dizendo alguns deles que o

batismo de crianças não vale nada, pois elas são incapazes de crer. Não criam que

o  sangue  e  o  corpo  de  Cristo  estão  na  eucaristia,  limitando-se  a  abençoar  o

elemento como um símbolo. Celebravam a ceia, recitando palavras do evangelho;

negavam o purgatório, o concubinato, o sacerdotalismo, o legalismo, etc.  

 



                                      A Perseguição dos Valdenses

 



Assim como os albigenses os valdenses foram tenazmente perseguidos pela Igreja

Católica.  A  Inquisição  matou,  queimou,  afogou,  esfolou,  torturou  e  fez  muito  mais

para  destruir  os  valdenses.  Só  para  o  estudante  ter  uma  idéia,  o  Papa  João  XXII

(1316-1334),  tendo  um  rendimento  farto  e  regular  dos  impostos  criados  por  ele

mesmo, gastava 63% do tesouro papal para financiar a guerra contra os anabatistas

e os muçulmanos. (O Papado na Idade Média, pg 140 e 143). O papado obrigou o

povo a pagar impostos com o intuito de financiar guerras visando o extermínio dos

anabatistas. Em todos os países era passada a chamada “rota romana” com os ad

doc - que significa “a isto” - pressionando e atormentando o povo a pagar o tributo

para o papa.  

 



No final do século XV os valdenses ainda estavam de pé. Suas forças estavam nos

vales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas

distantes como a Calária e a Apúlia. Possuidores de um noviciado e de seminários

independentes,  os   valdenses   punham   em   campo  uma   grande   quantidade  de

missionários   itinerantes,   os   quais,   conheciam   de   cor   longas   passagens   dos

evangelhos e das epístolas.  

 



Infelizmente  muitos  se  ligaram  com  os  hussitas  na  Boêmia  e  com  os  Lolardos  na

Inglaterra. Isso degradou em muito a pureza de muitas igrejas valdenses, pois estas

igrejas,  assim  como  as  protestantes,  pregavam  uma  fé  que  podia-se  pegar  em

armas  para  defender  direitos.  No  século  XVI  a  euforia  da  reforma  também  varreu

uma   grande   parte   dos   valdenses.   Acredito   que   isso   destruiu   o   grupo   como

denominação. Alguns se aliaram com os luteranos na Alemanha, outros a Zuinglio

na  Suiça,  e  uma  grande  parcela  com  Calvino.  Os  fiéis,  que  não  se  misturaram,

continuaram  anabatistas  puros.  Até  hoje  existe  algumas  igrejas  com  o  nome

denominacional “valdense”.  

 



                                                  CAPITULO VII

 



                                 OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI

 


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Tenho  visto  muitos  historiadores  da  Igreja  tentando  responder  erroneamente  a

questão de onde vieram os anabatistas do século XVI. A resposta correta é simples:

Não vieram, já estavam. O movimento anabatista do século XVI é uma continuação

dos      movimentos          anabatistas        que      atravessaram           toda     a     Idade      Média.      

Os  costumes  são  iguais;  a  doutrina  é  a  mesma;  os  membros  tinham  a  mesma

característica diante da sociedade. O fato de sabermos mais sobre os anabatistas

do  século  XVI  do  que  os  anabatistas  da  Idade  Média,  não  se  deve  ao  fato  de

estarmos incertos sobre a existência dos últimos. Deve-se ao fato de que agora já

tinham inventado a imprensa. E também, com a divisão do catolicismo no advento

da   Reforma,   teríamos   informações   oficiais   de   dois   lados,   o   catolicismo   e   o

protestantismo. Além do que o século XVI está bem mais próximo de nossa época

que o século IV. Pense bem:      O que você sabe sobre o papa Silvestre do século

IV? Quase nada. Que tal verificar na sua memória o que você sabe sobre Lutero,

Cabral,  e  outros  que  viveram  no  século  XVI?  Tenho  certeza  que  as  informações

sobre os últimos são bem mais amplas. Porque seria diferentes com os anabatistas?  



 



                      A ORIGEM DOS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI



 



Admitir que os anabatistas atravessaram toda a idade média, mesmo que levando

outros nomes, não é uma tarefa fácil. Para a igreja católica admitir isso ela estará

afirmando  sua  exclusão  em  225,  além  do  que,  que  não  é  a  igreja  mais  antiga.              

Para os protestantes - principalmente luteranos e presbiterianos - é dizer  que não

foram seus patronos Lutero e Calvino os resgatadores da verdade.  

 



Os anabatistas tem sua origem nas igrejas anabatistas que conseguiram escapar da

perseguição católica durante o período das Trevas, que vai desde século IV até o

século XVI. Apesar de terem outros apelidos além de anabatistas, estas igrejas eram

o verdadeiro cristianismo, e todas, sem exceção, eram chamadas de “anabatistas”.  



 



            SUAS CARACTERISTICAS ORGANIZACIONAL E DOUTRINÁRIA



 



O historiador A.G. Dickens, no seu livro A Reforma, pg 131- 140-141, faz um relato

muito significativo sobre a origem, organização e doutrina dos anabatistas do século

XVI. Ele não defende os anabatistas, mas também não pode negar o fato de serem

eles um grupo de cristãos totalmente diferente do catolicismo e protestantismo.  



 



Eis o relato de Dickens: “Em que sentido pode o anabatismo ser chamado de um

movimento?  Não  podemos  certamente  falar  de  uma  reforma  anabatista  como

falamos  de  uma  reforma  luterana,  zuingliana  ou  calvinista.  Os  anabatistas  não

tinham  nenhum  chefe  espiritual,  nenhum  código  de  doutrina  largamente  aceito,

nenhum   órgão   central   dirigente   (eram   independentes).   Não   influenciaram   os

governos,       não   modelaram   as           sociedades        nacionais,       não   conservaram           uma

administração política. Nessa comunidade marginal (ao lado) de crentes, a disciplina

não   limitava   apenas   ao   batismo.   A   confissão   de   Schleitheim,   um   de   seus

documentos  mais  largamente  divulgados,  redigida  em   1527,  talvez  pelo  mártir

Miguel Satler, reduz-se a sete artigos: O batismo, diz-se, só será concedido aos que

conheceram o arrependimento e mudaram de vida, e que entrem na ressurreição de

Jesus  Cristo.  Os  que  estão  no  erro  não  podem  ser  excomungados  antes  de

advertidos por três vezes, e isto deve-se fazer antes do partir o pão, de maneira que

uma igreja pura e unida se reuna. A ceia do Senhor é só para os batizados, e é um

serviço comemorativo.  


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Os membros devem deixar o culto papista (católico) e antipapista (protestante), não

tomarem parte dos negócios públicos (que eram na sua maioria imoral), renunciam a

guerra   e   as   diabólicas   e   anticristãs   arma   de   fogo.   Os   pastores   devem   ser

sustentados  pelas  congregações,  afim  de  poderem  ler  as  escrituras,  assegurar  a

disciplina da igreja e dirigir a oração. Se um pastor é expulso ou martirizado, deve

imediatamente ser substituído, e ordenado outro, para que o rebanho de Deus não

seja destruído. A espada destina-se aos magistrados temporais, a fim de poderem

castigar  os  maus,  mas  os  cristãos  não devem usá-la, mesmo  em  legítima  defesa,

como  também  não  devem  recorrer  à  lei  ou  tomar  o  lugar  dos  magistrados.            

São proibidos os juramentos.”  

 



O estudante deste tratado pode comparar o elo que liga os anabatistas do século

XVI aos dos séculos anteriores e aos batistas. São  o mesmo povo. Olhe bem para

os  artigos  de  fé  acima  mencionados.  Compare  com  as  doutrinas  dos  batistas.              

Existe   alguma   coisa   que   não   está   de   acordo?   São   todos   o   mesmo   povo.                    

Todos eram e devem ser verdadeiros seguidores das Escrituras Sagradas.  

 



                 AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI

 



Muitos há que condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles

por  algum  tempo  apelavam  para  a  violência.  Os  que  assim  pensam  se  esquecem

que toda igreja tem seu lado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas?        

Era     Judas       o   verdadeiro        representante          da    igreja     ou    um      membro        errado?                    

Sim, os anabatistas tiveram membros e pastores que não honravam suas doutrinas.

E eram justamente aqueles que estavam misturados com as revoluções luteranas,

calvinistas  e  zuinglianas.  Foi  o  caso  de  Melchior.  Dickens  afirma  no  seu  livro                

A Reforma, pg 142 sobre ele:  

 



“Pode-se  dizer  que  a  Confissão  de  Schleitheim,  no  seu  conjunto,  contém  muitas

posições características e que era aceite pela maior parte dos anabatistas. Fora dela

havia muitos preceitos religiosos ou sociais não aceites por todos eles e sujeitos a

controvérsias. Doutrinas não incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas

por certas comunidades, como a cristologia Melchiorita.”  

 



Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um

levante  contra  o Estado  de  Lutero na  Alemanha.  Dickens  considera-o  “sectários e

extremistas à margem do anabatismo” (A Reforma pg 143). O historiador Christian

diz que ele nunca foi um anabatista.  

 



Hoje  estamos  vivendo  uma  situação parecida.  São  batistas aqueles  que  se dizem

batistas  e  não  honram  os  artigos  de  fé  bíblicos?  São  batistas  os  batistas  que

acreditam na salvação pelas obras? São batistas os que acreditam na salvação pela

guarda do sábado? Porém na parede da frente de suas igrejas está escrito: Igreja

Batista. É batista quem realmente vive como um batista deve viver. Foi o caso dos

anabatistas do século XVI. Uma maçã podre não invalida as maçãs boas.

 



                                      OS ANABATISTAS E LUTERO

 



Os anabatistas do século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram

uma  página  especial  do  cristianismo  neste  período.  Quando  Lutero  iniciou  o  seu

movimento  encontrou  nos  anabatistas  um  apoio  antipapista.  Tinham  de  comum  o

fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraram-

se para a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero.  


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A decepção não demorou a chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele

passou  a  perseguir  os  anabatistas.  Primeiro  usando  discursos  inflamados.  Depois

usou  a  intimidação.  E  por  fim,  usou  a  força.  Para  decepção  de  muitos  de  seus

admiradores,  Lutero  não  ficou  devendo  nada  a  nenhum  papa  em  questão  de

crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatos sobre a perseguição de Lutero

aos   camponeses   anabatistas   feitas   pelo   escritor   Stefan   Zweig   em   seu   livro              

Os caminhos da Verdade, páginas 184 e 198:  

 



“Lutero abraçava, sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o  

povo.  O  asno,  dizia  ele,  precisa  de  pauladas;  a  plebe  deve  ser  governada  com  a

força...  

 



Iniciava-se já a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se

a ditadura do partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, atenazavam-se

com  ferros  candentes  e  condenavam-se  a  fogueira  como  hereges  os  pregadores,

profanavam-se os templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades.”  

 



Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco alguém

que  resgatou  o  direito  de  ler  a  Bíblia.  Não,  de  forma  alguma.  Ditadores  não  são

homens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de

Deus.  Não  vemos  Jesus  arrancar  a  língua  de  ninguém  para  pregar  o  evangelho.

Porque        então      seus      pregadores   agiriam             dessa   forma?          Lutero       perseguiu   os

anabatistas porque estes não se sujeitaram a seus caprichos de ditador.

 



Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numa

linguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fim na  

desordem  anabatista  que  atormentava  o  seu  país.  Naquele  mês  mais  de  cem  mil

anabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeira

história sobre os anabatistas e Lutero.  

 



                                       OS ANABATISTAS E CALVINO

 



A relação entre Calvino e os anabatistas do século XVI não foram diferentes da que

houve  com  Lutero.  Todo  revolucionário  tem  a  tendência  de  se  tornar  um  ditador.

Aconteceu primeiro com Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino

na cidade de Genebra. Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder

os  atos  de  atrocidades  que  Calvino  cometeu  contra  feiticeiros,  humanistas  e  aos

anabatistas residentes em sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos,

pg 254, diz que:  

 



“Para   garantir   a   eficácia   de   seu   sistema   (o   sistema   de   uma   cidade   santa),              

Calvino  estabeleceu  penalidades  severas.  Vinte  oito  pessoas  foram  executadas  e

setenta e seis exiladas em 1546.”  

 



Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio,  

que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu  

ministério devido a evidencias tais quais temos a seguir:  

 



“Revolta-me o exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência

contra  os  anabatistas.  Eu  mesmo  vi  arrastarem  para  o  cadafalso  uma  mulher  de

oitenta anos com sua filha, esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime

senão  o  de  negar  o  batismo  das  crianças.”  (Extraído  do  livro  Uma  Consciência

Contra a Violência, página 115).  


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Se  Calvino  fosse  um  homem  de  Deus  certamente  agiria  como  a  Bíblia  ensina.

Saberia  que  somente  teremos  uma  cidade  perfeita  quando  estivermos  no  céu.

Saberia  conceder  a  liberdade  religiosa  a  seus  concidadãos.  Saberia  que  lugar  de

pastor   não   é   no   comando   de   cidades   e   sim   conduzindo   o   seu   rebanho.                    

Quem  manda  matar  a  mãe de  seis  crianças  por  não aceitarem o  erro  do  batismo

infantil não pode ser um homem da dispensação da graça. Os verdadeiros batistas

não tem nada a ver com o calvinismo.  

 



                                    OS ANABATISTAS E ZUINGLIO

 



Zwinglio  foi  um  grande  reformador  e  da  mesma  época  que  Lutero.  Zurique  foi  a

cidade   que   ele   escolheu   para   fazer   notório   o   seu   movimento   reformador.                  

Muitos anabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os

reformadores  pregavam  antes  de  se  tornarem  cruéis  ditadores.  No  começo  houve

uma  grande  amizade  entre  os  anabatistas  (principalmente  os  valdenses)  e  os

simpatizantes  de  Zwinglio.  Muitos  anabatistas  inclinaram-se  para  o  zwinglianismo,

principalmente em setembro de 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram

Zwinglio por este tempo. Mas foram decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos

que queriam, mas condenou aqueles que não quiseram se juntar a ele.  

 



Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra os

indomáveis  anabatistas.  Por  sua  ordem  o  senado  promulgou  uma  lei,  segundo  a

qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na

infância, fosse afogado. Suas idéias se espalharam por todas as cidades suíças de

ascendência  alemã,  e  consequentemente,  nestes  lugares,  os  anabatistas  eram

afogados por batizarem seus membros.  

 



   PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?

 



Uma igreja que representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia

se unir com nenhum movimento reformador do século XVI.  

Primeiro  porque  como  o  próprio  nome  diz,  era  uma  reforma  da  igreja  Católica.          

Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando

na verdade tinha deixado de ser desde 225.  

Segundo porque quando os reformadores vieram da igreja Católica não houve entre

seus  pastores  iniciantes  uma  conversão  de  seus  pecados.  O  que  houve  foi  uma

convicção         da     parte      deles      de      que      a    igreja      católica      estava       errada.

Até os católicos tinham essa convicção.  

 



Terceiro que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados,

ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e

sua Igreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo

ou passar esta autoridade a outros?  

 



As  igrejas  que  saíram  da  reforma  cometiam  erros  que  jamais  podiam  ser  aceitos

como  sendo  realizados  pela  igreja  de  Jesus.  O  primeiro  é  o  batismo  infantil.              

Todas as igrejas da Reforma batizavam crianças recém-nascidas. A Igreja de Jesus

nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil. O segundo erro é a formação de

uma  igreja  oficial.  Por  exemplo:  Luterana  na  Alemanha;  Anglicana  na  Inglaterra;

Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igreja com o Estado. Antes

ensinou:   “Dai   a   César   o   que   é   de   César   e   a   Deus   o   que   é   de   Deus”.

Terceiro  é  a  formação  de  uma  hierarquia  dentro  da  igreja,  colocando  uma  igreja

acima da outra e pastores comandando outros pastores.  


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O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter em

guerras contra católicos. O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e

não por imersão. Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se

aliado com as igrejas da reforma.  

 



       A OPNIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS

 



Apesar de não concordar com os historiadores convencionais a respeito da história

dos  anabatistas  (pois  eles  tratam  os  tais  como  dissidentes  e  hereges),  penso  ser

importante a opinião destes homens sobre os anabatistas.  

 



                           A opinião de A.G. Dickens, no livro a Reforma:

 



“Durante os últimos anos fizeram-se estudos que nos levam a ver com novo respeito  

o sopro do idealismo cristão que alimentava os anabatistas. As horríveis crueldades

de  que  foram  alvo  por  parte  dos  católicos  e  dos  protestantes  chocam  mesmo

aqueles que os estudos dos costumes do século XVI endureceu... a maioria destes

sectários  era  constituída  por  homens  sinceros  e  pacíficos,  que  teriam  podido  ser

dirigidos  sem  recorrer  ao  fogo  e  ao  afogamento...  Haveria  muito  a  dizer,  se  nos

quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, as seitas do século XVII, da

Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas), e para podermos afirmar

que os anabatistas deram grande contribuição a liberdade religiosa e cívica.” (p.143)

 



“Uma  revisão  realista  obriga-nos  a  acrescentar  que  nenhuma  outra  seita  religiosa

mostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição.” (página 141).  

 



Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos

não estamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais

será publicada nos livros de história eclesiástica.  

 



                                                     CAPITULO VIII

                                                                 



    QUEDA DO APELIDO ANABATISTA - SURGIMENTO DO APELIDO BATISTA

 



Na metade do século XVI, e no princípio do século XVII, há uma súbita queda do

apelido “anabatista” e o aparecimento rápido do apelido “batista” em toda a Europa.

Muitos  procuram  ligar  a  fundação  das  igrejas  batistas  na  pessoa  de  John  Smith

(morto em 1612). Grandes historiadores como Orchard e Christian já fizeram o favor

de desmentir essa teoria. Qualquer estudante da história das religiões, se agir com

sinceridade, descobrirá que os batistas são o fim dos anabatistas. Os batistas são a

junção de diversos grupos anabatistas em torno desse nome com a queda do prefixo

“ana”. E isso não aconteceu de repente ou de uma só vez. Foram necessário quase

um  século  para  que  a  junção  dos  anabatistas  ao  nome  batista  fosse  possível.              

E  só  se  tornou  possível  devido  ao  laborioso  trabalho  de  resgate  de  pastores

itinerantes que, levantados por Deus, uniram os diversos grupos ao nome batista e

também, ao nome “menonita”.  

 



                              POR QUE O APELIDO ANABATISTA CAIU?

 



Vimos que no inicio do século XVI, muitos anabatistas, iludidos com o aparecimento

de  alguns  lideres  da  reforma,  saíram  de  seus  esconderijos  e  foram  habitar  nas

cidades e povoações onde a reforma explodia. Não demorou muito e toda a Europa

Central foi minada com a chegada desses cristãos.  


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No  sul  da  Alemanha,  na  Boêmia,  na  Suíça,  na  França,  na  Hungria  e  nos  países

baixos, os anabatistas estavam fortemente organizados. Animados com a chance de

novamente poderem pregar publicamente - isso depois de 1200 anos - deixaram os

Pirineus e os Alpes e marcharam rumo ao norte da Europa.  

 



O sucesso foi imediato. As conversões multiplicavam-se. A cidade de Estraburgo, na  

França,   chegou   a   ter   mais   de   dez   por   cento   de   sua   população   anabatista.

Só na Morávia, o pastor Jacob Hutter, organizou mais de oitenta igrejas em menos

de dez anos. Hutter foi morto em 1526 pregando o evangelho. O pastor Hans Huth,

encadernador  itinerante,  estendeu  o  evangelho  por  numerosos  países  da  Europa.

Abriu centenas de igrejas no sul da  

 



Alemanha  e  na  Austria.  Em  1527  ele  foi  preso  em  Ausburgo,  interrogado  e

submetido  a  tortura;  morreu  no  mesmo  ano,  devido  a  queimaduras  publicamente

sujeitado.  O  pastor  Hubmaier  teve  grande  participação  dos  trabalhos  na  Morávia,

onde encontrou auditório e leitores para seus panfletos. Em 1528 ele foi queimado

na cidade de Viena. Sua esposa foi lançada ao Danúbio com uma grande pedra no

pescoço.  

 



Cálculos  menores  indicam  que  só  nos  Países  Baixos  morreram  mais  de  30.000

anabatistas  em  menos  de  cinco  anos  de  perseguição.  A  perseguição  foi  brutal  e

desumana. Além dos casos mencionados acima temos um muito famoso: O martírio

de Miguel Satler. Este era um pastor batista. Sendo um homem de muita sabedoria,

coube  a  ele,  em  1527,  redigir  a  Confissão  de  Schleitheim,  o  credo  anabatista.              

Foi o documento mais largamente divulgado entre os anabatistas, o qual, como já

mencionamos, era um precioso resume dos artigos de fé das igrejas anabatistas e

posteriormente  batistas.  O  ato  lhe  custou  o  martírio.  No  livro  Breve  História  dos

Batistas, pg 59, temos um comentário extraído de sua sentença de morte:  

 



“Miguel  Satler  deverá  ser  entregue  ao  carrasco.  Este  o  levará  até  a  praça  e  aí

primeiro  lhe  cortará  a  língua.  Depois  o  amarrará  a  uma  carroça  e  com  tenazes

incandescentes  tirará,  por  duas  vezes,  pedaços  de  seus  corpo.  Em  seguida,  a

caminho  do  lugar  da execução fará  isso  cinco  vezes  mais  e depois  queimará  seu

corpo até o pó como um arqui-herege”  

Assim ele morreu. Quando já na fogueira, as chamas queimaram as cordas que lhe

prendiam as mãos, e ele levantou os dedos indicadores. Era o sinal combinado com

os irmãos anabatistas para indicar que os sofrimentos eram suportáveis.  

 



Os anabatistas cresceram tanto no século XVI que despertou o ódio dos católicos e

protestantes.  A  ilusão  de  que  a  reforma  os  ajudaria  transformou-se  numa  grande

desilusão. Os protestantes do norte da Europa fecharam-lhe as portas e iniciaram

um  período  de  perseguição  intimidadora,  que  visava  apenas  fazerem  parar  de

crescer. Não adiantou.  

 



Continuaram a crescer. Foi Lutero, em 1525, que desencadeou uma perseguição em  

massa.  Essa  perseguição  atravessou  as  fronteriras  da  Alemanha  e  o  apelido

“anabatista”  tornou-se  um  sinônimo  de  morte.  O  historiador  Dickens  relata  sobre

esse      fato    escrevendo         um     comentário        de     Bullinger,      um     escritor     luterano

contemporâneo de Lutero: “Por toda a parte, tanto a católicos como a protestantes,

estes sangrentos sucessos - referindo-se a chacina  causada por Lutero - serviram

de aviso. Deus abriu os olhos dos dirigentes, e de futuro ninguém poderá acreditar

num anabatista, mesmo nos que se dizem inocentes.”  


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Bullinger deixa claro o que Lutero fez aos anabatistas no dia 25 de Junho de 1535

na  cidade  de  Munster  ao  chamar  o  ato  de  “sangrentos  sucessos”.  Sua  ironia  em

comentar  o  caso  mostra  que  o  reformador  tinha  pleno  apoio  de  seus  seguidores.

Além do que a opinião de Bullinger foi certeira no  que se refere ao futuro difícil que

os anabatistas teriam pela frente. Após a chacina, até o ano de 1566, tanto católicos

como protestantes buscaram tenazmente a destruição das igrejas anabatistas.  

 



Assustados os anabatistas começaram a deixar de usar este apelido. Sabiam que a

simples identificação como anabatista bastava-lhe para ser morto. A partir de 1533,

tanto  católicos  como  protestantes  resolveram  que  iriam  exterminar  o  anabatismo.

Por   isso   eles   se   refugiaram   pelos   Países   Baixos   e   já   não   podiam   pregar

publicamente. Na busca pela sobrevivência espalharam-se como uma denominação

organizada. Alguns pastores, tentando evitar o martírio, mudavam-se de lugar e de

nome também. Os pastores mais famosos eram os mais procurados. Foi o caso de

João  de  Leida,  que  fugindo  de  Munster,  instalou-se  em  Basiléia.  Lá,  gozando  de

uma       certa     liberdade,        trocou      seu     nome        para     David       Joris,     e    pregava        na

clandestinidade. Considerado o mais famigerado de todos os anabatistas, depois de

morto, seu corpo é retirado do túmulo e queimado junto com seu livro “Wonderboek”.  

 



O  que  aconteceu  a  João  de  Leida  foi  a  realidade  de  milhares  de  anabatistas  do

mesmo  período.  Mas  tinha  um  problema.  Mudavam  de  lugar  e  de  nome,  porém,

como mudar de Senhor? Como não rebatizar os católicos e protestantes que eram

convertidos  na  clandestinidade?  Por  onde  iam  acabavam  sendo  descobertos  pelo

fato  de  batizarem  por  imersão  os  seus  membros.  Foi  assim  que  seus  inimigos

começaram a chamá-los de “batizadores” ou “batistas”.  

 



Earle Cairns, em seu livro O Cristianismo Através dos Séculos, página 248, afirma  

que: “os anabatistas são os ancestrais diretos das igrejas menonitas e batistas hoje  

espalhadas pelo mundo.”  

 



                                     O RESGATE DOS ANABATISTAS

 



Com a dispersão dos anabatistas muitos acabaram em lugares longínquos.  

 



Foi  preciso  haver  um  “resgate”  dos  membros  dispersos.  Muitos  anabatistas  foram

encontrados  e  resgatados  às  fileiras  da  fé  pela  ação  itinerante  de  pastores  que

viajavam          por      toda        a     Europa          em       busca         das       ovelhas         dispersas.    

Veja o relato de Dickens:  

 



“Sabe-se        que      durante       estes      anos      (de    1536      a    1561)      Menon        Simon        viaja

infatigavelmente   através   da   Alemanha   e   dos   Países   Baixos,   confirmando   e

estendendo           os     grupos       que      haviam        conseguido          escapar        à    perseguição...

O  pintor  de  Vitrais  David  Joris  (morto  em  1556)  tornou-se  também  um  outro

organizador itinerante. Foi finalmente obrigado a fugir para Basiléia, onde, escondido

durante largos anos, conseguiu evitar a fogueira.”  

 



Assim fica claro que após a perseguição desencadeada de 1533 os anabatistas que

se  dispersaram  foram  reagrupados  por  pastores  itinerantes.  Os  resgatados  por

Menon Simon - nem todos - acabaram sendo conhecidos por menonitas, e existem

como  denominação  até  hoje.  Os  que  foram  resgatados  por  David  Joris,  e  muitos

outros pastores anabatistas, ficaram sendo conhecidos como “batistas”.

 

 


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 A ÉPOCA DA MUDANÇA OFICIAL DO APELIDO ANABATISTA PARA BATISTA

 



A época exata da mudança do apelido anabatista para batista está entre os anos de

1533  até  o  ano  de  1638.  Temos  relatos  de  que  o  nome  batista  era  usado  já  no

século XVI, e também que o apelido anabatista ainda foi usado no século XVII. Para

se  ter  uma  idéia  clara  sobre  esse  assunto  basta  o  estudante  lembrar  que  David

Joris,  que  morreu  em  1556,  agrupava  os  anabatistas  em  torno  do  nome  “batista”.

Mas por outro lado, a primeira Igreja Batista dos Estados Unidos, em Rhode Island,

antes de ser chamada de batista era formada por crentes “anabatistas”, isso no ano

de 1638.  

 



Relatos oficiais dos batistas norte-americanos nos informa que: Nos Estados Unidos,  

na província de Rhod Island, foram fundadas as duas primeiras igrejas batistas da

América. Uma em 1638 e a outra em 1639. A primeira em Newport e a segunda em

Providence.  A  primeira,  quando  foi  fundada  em  1638  pelo  pastor  John  Clark,  foi

conhecida como “Igreja Anabatista”. Já em 1648, talvez pela tendência que todas as

igrejas anabatistas tomavam, eles já tinham mudado  o nome para “Igreja Batista”.          

A segunda igreja, de Providence, é na verdade filha da primeira. Roger Williams, um

de  seus  memoráveis  fundadores,  foi  batizado  por  John  Clark  em  1638.  Assim,  a

autoridade   da   ministração   do   batismo   dos   batistas   americanos   foi   concedida

diretamente  de  autênticos  pastores  anabatistas  e  que  depois  foram  conhecidos

como batistas.  

 



Também na Inglaterra, a primeira igreja tida oficialmente como “batista”, foi formada

por  membros  que  receberam  o  batismo  dos  anabatistas  resgatados  por  Menon

Simons.  O  nome  do  primeiro  pastor  desta  igreja  é  Tomaz  Hellys,  convertido  em

1612.  Portanto,  a  partir  de  1612  na  Inglaterra  e  de  1638  nos  Estados  Unidos,  já

estava definitivamente caído o prefixo “ana” dos anabatistas. Ficou somente a raiz

da  palavra,  “batistas”,  apelido  este  que  o  precursor  de  Jesus  já  levava  por  seu

costume de batizar crentes arrependidos de seus pecados.  

 



                                                   CAPITULO IX

                                                             



                                                  OS BATISTAS

                                                             



A história dos batistas coincide com o final da história anabatista do século XVI. Na

verdade é uma clara continuação das igrejas fiéis desde os tempos apostólicos até

hoje. Escritores há, que movidos de inveja, e até mesmo de uma certa ignorância do

caso, e outros, batistas, que não se importam com a origem de sua denominação,

desejam dar aos batistas um começo no século XVII. Para tanto distorcem a história

de  algumas  igrejas  batistas,  principalmente  da  Inglaterra,  usando  ora  John  Smith,

ora  Tomas  Hellys  como  fundadores  do  movimento.  Sinto  em  informar  aos  que

concordam  com  essa  idéia  que  estão  errados  ou  mal  intencionados  a  respeito  da

origem e história dos batistas.  

 



                                        A ORIGEM DOS BATISTAS

 



Podíamos  simplificar  e  dizer  que  os  batistas  se  originaram  com  os  apóstolos.            

E é a pura verdade, pois, os apóstolos foram batistas, ou seja, batizavam. Mas os

batistas  tem  sua  origem  nas  igrejas  antes  denominadas  de  “anabatistas”.  É  uma

continuação do apelido. A única coisa que muda é o  prefixo “ana”, e este não caiu

de uma hora para outra, foi um processo que levou quase cem anos para acontecer.  


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A prova disso é a declaração do bispo Hosius, no concílio de Trento que chamou os

anabatistas de “batistas”, já em 1554. E nos Estados Unidos, a Igreja Anabatista de

Newport  foi  fundada  em  1639,  e  dez  anos  depois  mudaria  seu  nome  para  igreja

batista de Newport. Portanto, são 85 anos de transição de um nome para o outro.  

 



O fundador da Igreja Batista foi Jesus Cristo. Continuada pelos apóstolos ela teve

uma grande ruptura em 225, quando as igrejas infiéis precisaram ser excluídas - que

eram os católicos romanos e ortodoxos. Outra ruptura veio em 313, quando muitas

igrejas fiéis aceitaram se unir com o Estado. Foram os batistas massacrados pelas

igrejas infiéis durante treze séculos, tendo como apelido mais comum o epíteto de

“anabatistas”. No século XVII ela tem novo apelido, que é o de batista. Continuou

sendo perseguida e só teve paz no século XVIII. Foi a partir dessa época que ela

realmente  conseguiu  uma  certa  liberdade  e  cresceu,  chegando  hoje  a  milhões  de

adeptos  espalhados  em  mais  de  duzentos  países.  Foi  a  primeira  denominação  a

lançar   um   missionário   na   era   moderna   com   William   Carey.   Foi   a   primeira

denominação             a     requerer         liberdade         religiosa       a     todas       as     denominações.

É  e  continuará  sendo  uma  igreja  que  segue  princípios  puramente  bíblicos,  os

mesmos  princípios  dos  seus  antepassados  anabatistas,  os  quais  herdaram  os

princípios das igrejas apostólicas.  

 



     A DECLARAÇÃO DE ESCRITORES NÃO BATISTAS SOBRE SUA ORIGEM

 



O Cardeal Hosius, católico, 1554, presidente do Concilio de Trento, escreveu:  

 



                 (Orchard s History Baptist, seção 12, parte 30, página 364)

 



“Não   fosse   o   fato   de   terem   os   batistas   sido   penosamente   atormentados   e

apunhalados durante os doze últimos séculos e eles seriam mais numerosos mesmo

que todos os que vieram da Reforma”.  

 



Notem que a data é de 1554, ou seja, quase setenta anos a menos que os escritores  

errados  afirmam  o  início  da  primeira  igreja  batista.  Este  bispo  já  chamava  os

anabatistas de batistas, e para ser bem sincero, é mesma coisa na prática religiosa.

Sou  batista  porque?  Porque  batizo  todas  as  pessoas  que  desejam  fazer  parte  de

uma igreja batista. Eles eram anabatistas porque? Porque rebatizavam os católicos.

Não é de fato a mesma coisa?  

 



Outra coisa interessante dessa declaração (e é preciso lembrar que foi o presidente

de um concílio católico que durou de 1545 até 1563) foi o fato de Hosius mencionar

a  data  de  quanto  tempo  eles  já  haviam  sido  perseguidos,  ou  seja,  doze  séculos

antes desta data. Então, 1554, menos 1200 anos, é igual a 324, data do início da

perseguição  das  igrejas  fiéis  (ou  anabatistas)  pelas  igrejas  infiéis  ou  erradas          

(os católicos).  

 



Note  que  ele  não  diz  a  data  da  origem  dos  batistas.  Diz  a  data  da  origem  da

perseguição que eles sofreram. A data, como já dissemos, está primeiramente em

Jesus, e depois na exclusão das igrejas infiéis em 225.  

 



O bispo Hosius também faz uma diferença clara entre “batistas” e os que “vieram da

Reforma”.  Hosius  sabia  muito  bem  que  os  batistas  não  eram  reformistas  nem

protestantes. Eram a igreja original, não poluída, não dividida, a verdadeira igreja do

Nosso Senhor Jesus Cristo.  

 

 


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           Moshein, um dos maiores escritores da história luterana, testifica:

   (Eccl. Hist. Cent. 16, secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4)

 



“Antes  de  se  levantarem  Lutero  e  Calvino,  estavam  ocultas,  em  quase  todos  os

países  da  Europa,  pessoas  que  seguiam  tenazmente  os  princípios  dos  modernos

Batistas Holandeses”.  

 



“Vasto  número  dessa  gente,  em  quase  todos  os  países  da  Europa,  preferiam

perecer miseravelmente por afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar

as  opiniões  que  abraçaram...  É  realmente  verdade  que  muitos  anabatistas  foram

mortos, não por serem maus cidadãos, nem membros malfazejos da sociedade civil,

mas   apenas   por   serem   hereges   incuráveis,   condenados   pelas   antigas   leis

canônicas. Pois o erro de batismo de adultos era, naquela época, considerado uma

ofensa terrível”  

 



Esta declaração é muito útil porque vem de um autentico protestante. Já que muitos

gostam de afirmar que os batistas são protestantes, esse protestante, um luterano,

está afirmando que os batistas já existiam antes de se levantarem Lutero e Calvino.

 



                          Enciclopédia de Endinburg (autor presbiteriano).

 



“Nossos  leitores  percebem  agora  que  os  batistas  são  a  mesma  seita  dos  cristãos

que  antes  foram  descritos  como  Anabatistas.  Realmente  parece  ter  sido  o  seu

princípio dominante desde o tempo de Tertuliano até o presente”.  

 

Apesar   de   chamar   os   batistas   de   “seita”,   este   presbiteriano,   querendo   uma

veracidade de datas em sua narração da origem dos batistas, não pode negar de

onde eles surgiram, ou seja, das igrejas anabatistas. Ele é firme em afirmar que “são

a  mesma  seita”,  para  nós,  a  mesma  igreja.  Além  do  que  ele  data  sua  origem  na

pessoa  de  Tertuliano  (160-230  d.C.).  Essa  é  a  data  que  este  tratado  dá  para  o

aparecimento do primeiro grupo de anabatistas - os  montanistas, em cerca de 160

(ver página 11 sobre os montanistas).  

 



                                     Sir Isaque Newton, 1710, escreveu.

 



“Os batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveram similitudes com Roma”.  

 

Este anglicano, um grande inventor, nada tem a ver com a história da religião.  

O  que  vale  a  pena  ressaltar  é  a  data  de  sua  declaração  e  a  firmeza  em  que  ele

separa os batistas como a única igreja que não saiu de Roma.  

Nessa época havia mais cinco denominações reconhecidas: Luteranos, Anglicanos,

Congregacionais, Presbiterianos e Ortodoxos.  

 



Não existe dúvida. Os batistas são a continuação das igrejas fiéis (ou anabatistas)

que excluíram as igrejas infiéis (ou católicas) em 225. Sua origem é esta. Somente

os  opositores,  e  os  batistas  ecumênicos,  serão  contrários  a  esta  tão  grande

realidade.  

 



                                    Enciclopédia Britanica Barsa, relata:

 



“Esse nome é uma forma abreviada da palavra anabatista. É um nome dado pelos

seus  adversários  as  várias  seitas  que  negavam  a  validade  dos  batismo  das

crianças”.  

 


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                                     PERSEGUIÇÃO AOS BATISTAS

 



A   história   dos   batistas   é   toda   regada   com   o   sangue                         dos   seus   mártires.

Da mesma forma que seus antepassados, os mártires pós-apóstolicos, sofreram nas

mãos do império e dos judeus, colocando-os nas prisões e nas arenas para serem

engolidos pelos leões, e também seus antecessores, os anabatistas, sofreram toda

sorte de atrocidades e torturas nas mãos dos católicos, os batistas sofreram horrores

nas     mãos       dos     católicos       e   protestantes         por    um      longo     período       de     tempo.            

Onde uma igreja batista era descoberta ou estabelecida, logo vinha a perseguição, e

com ela a morte dos batistas.  

                                        A Perseguição na Inglaterra

 



Até  o  ano  de  1534  a Inglaterra foi um país católico . A  partir  desta  data,  liderados

pelo rei Henrique VIII, os ingleses passaram a ser protestantes, mais precisamente

pertencentes  a  Igreja  da  Inglaterra,  conhecida  como  Episcopal  ou  Anglicana.                

Os  templos  católicos  tornaram-se  templos  anglicanos.  Padres  foram  muitas  vezes

transformados  em  pastores.  O  batismo  foi  o  mesmo  dos  católicos,  infantil  e  por

aspersão. Os batistas, vendo tanta coisa errada, nunca aceitaram a igreja anglicana

como  uma  igreja  de  Jesus.  Seus  pastores  batizavam  todos  os  que  vinham  do

catolicismo ou do anglicanismo. Isso pareceu ruim aos olhos do rei e dos pastores

anglicanos.  Por  isso  ficou  resolvido  pelos  anglicanos  que  os  batistas  precisavam

morrer.  

 



Muitos pastores e membros das igrejas batistas foram cruelmente mortos pela igreja  

anglicana.  De  1534  até  1688  a  igreja  anglicana  comandou  o  ato  de  intolerância

contra as igrejas batistas. Foi nesta época que viveu John Bunyan. Neste período a

perseguição  era  geral.  As  igrejas  batistas  não  tinham  o  direito  legal  de  existir,  e

quando descobertas, eram fechadas e destruídas. Não é por um acaso que muitas

igrejas   batistas,   tanto   na   Inglaterra   como   no   País   de   Gales,   mudavam-se

inteiramente para a América do Norte.  

 



A partir de 1688 foi permitido aos batistas realizarem seus cultos publicamente, sem

é  claro,  atormentar  a  igreja  anglicana.  Isso  era  coisa  impossível  aos  batistas.      

Como pregar Jesus sem mostrar o pecado? Como ensinar a Bíblia sem mostrar o

erro? O ensinamento da Bíblia, foi, muitas vezes, o fator principal das perseguições

contra  os  pastores  batistas.  Apesar  dessa  tolerância  era  negado  aos  batistas  o

direito de ter acesso a cargos públicos, bem como ao parlamento. Somente em 1818

foram  os  batistas  munidos  deste  direito.  Mesmo  assim  não  eram  considerados

válidos  o  registro  de  nascimento  (pois  negavam  dar  suas  criancinhas  ao  batismo

anglicano),  e  o  registro  de  casamento  (pois  não  casavam-se  diante  de  um  pastor

anglicano e numa igreja anglicana). A intolerância  do registro de nascimento só foi

revogada  em  1836,  e  a  de  casamento  em  1844.  Porém  ainda  não  podiam  ser

aceitos  nas  Universidades  de  Cambridge  e  Oxford.  Até  este  tempo  os  filhos  dos

dissidentes não possuíam o direito de acesso em nenhuma das grandes instituições.

O ato de libertação veio somente no ano de 1854.  

 



Alguns escritores tem revelado ao mundo um pouco das atrocidades sofridas pelos

batistas nas mãos dos católicos e dos protestantes da Inglaterra. O Missionário W.C.

Taylor relata no Manual das Igrejas Batistas, pg 149-151, que:  

 

 

 


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“Desde o século XII até o século XVII, muitos batistas sofreram perseguição e morte

por meio da fogueira, do afogamento, da decapitação, além de outros métodos, que

algumas  vezes  importavam  em  torturas  desumanas.  E  isso  sofreram  dos  papistas

como dos protestantes...”  

 



“Escreve Brande que: No ano de 1538, trinta e um batistas, que haviam fugido da

Inglaterra, foram executados em Delf, na Holanda; os homens foram decapitados, e

as mulheres foram afogadas (History of Reformers pg 303)...”  

 



“O  bispo  Latimer  declara  que:  Os  batistas  que  foram  queimados  em  diferentes

partes do reino, seguiam para a morte intrepidamente, sem qualquer temor, durante

o tempo de Henrique VIII. (Neals History of Puritans, V. III, pg 356)...”  

 



“O Dr. Featley, um dos seus mais figadais inimigos, escreveu a respeito deles, em

1633: Essa seita, entre outras, até agora tem presumido da paciência do Estado, a

ponto de organizar convenções semanais, rebatizar centenas de homens e mulheres

juntos, de madrugada, em riachos, e em alguns braços do Tamisa e noutros lugares,

imergindo-os completamente. Tem imprimido diversos  panfletos em defesa de sua

heresia;       sim,     e    tem     desafiado        alguns       de    nossos        pregadores         a    disputa.

(Eng. Bapt. Jubilee Memor. Benedicts Hist. Baptist, pg 304).” Das muitas histórias de

pastores  e  igrejas  batistas  perseguidos  na  Inglaterra  durante  os  anos  de  1534  a

1688, há uma que até hoje tem comovido o mundo todo.

 



É a história do pastor John Bunyan, ganho para Cristo após o árduo trabalho de sua

esposa (uma batista), que lhe trazia a Bíblia e livros para ler. Em 1653 ele batizado

foi pela Igreja de Bedford.  

Desde então sua vida é um exemplo de fé e firmeza nas tribulações. O relato abaixo

foi extraído do livro “A História das Religiões”, de Cherles Francis Pother, páginas

468-469, de 1944:  

 



“Pregava  havia  já  quatro  anos  quando  Carlos  II  subiu  ao  trono  na  Inglaterra  e

restaurou  o  episcopalismo.  Os  pregadores  puritanos  teriam  de  conformar-se  ou

suspender  os  sermões.  John  Bunyan  recusou-se  a  obedecer,  sendo  condenado  a

doze anos de prisão.  

 



Lograria  a  soltura  em  qualquer  tempo  desde  que  se  comprometesse  a  não  mais

pregar,  mas  dizia  com  desassombro  que,  uma  vez  livre,  pregaria  na  primeira

oportunidade. Não o demoveu fome da esposa e dos filhos, sendo um deles uma

menina,  cega.  Conseguiu  ganhar  algum  dinheiro  na  cadeia  fabricando  cadarço

compridos  de  fio  de  linho  de  pontas  rematadas,  os  quais  eram  vendidos  por  sua

filhinha cega.  

 



Até na prisão Bunyan pregava aos companheiros. Tinha consigo apenas dois livros:

Livro  dos  Martires,  de  Fox,  e  a  Bíblia.  Veio  então  grande  inspiração  e  escreveu        

O Peregrino.  

Promulgada  a  declaração  de  indulgencias,  foi  Bunyan  posto  em  liberdade,  e  logo

depois eleito pastor de sua velha igreja. Três anos depois a declaração foi renovada,

voltando Bunyan para a prisão por ser pastor não conformista”.  

 



John Bunyan não foi o único. Simplesmente é o mais  conhecido. Antes de Bunyan

muitos batistas padeceram o martírio. Tomas Hellys por exemplo, apenas três anos

após a fundação da Igreja Batista de Spitalfields, em 1612, foi martirizado a mandato

dos bispos anglicanos em 1615.


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John Smith, outro fundador de igrejas batistas, e um autentico anabatista por ter sido

batizado  na  época  em  que  as  igrejas  batistas  ainda  eram  chamadas  por  esse

epíteto, foi martirizado em 1612, apenas três anos após da fundação de sua primeira

igreja.   Edward  Wightman,   de   Burton-sobre-o-Tento,   condenado   pelo   bispo   de

Coventry, foi queimado em Litchfield, a 11 de Abril de 1612. Estes são alguns dos

muitos casos de pastores ou membros batistas mortos por católicos e protestantes.  

 



                     A Perseguição na Nova Inglaterra (Estados Unidos).

 



Como as perseguições na Inglaterra estavam aumento no período de 1534 a 1688,

foi  o  jeito  de  muitos  anabatistas-batistas  deixarem  este  país  e  rumarem  para  os

Estados Unidos. Viam na América uma nova Canaã. E acertaram. Muitos pastores

pregavam a emigração em massa. Igrejas inteiras foram transferidas da Inglaterra e

do País de Gales para os Estados Unidos.  

 



O primeiro grupo de batistas a emigrarem ainda eram conhecidos como anabatistas.  

Veja o relato do livro “A História das Religiões” página 489:  

 



“Um  outro  grupo  correu  para  Providence,  logo  nos  primórdios  da  existência  deste

centro,  não só foi bem acolhido por Roger Williams, como logrou sua adesão. Este

grupo era o dos Anabatistas, ou como são mais conhecidos, batistas”.  

 



Provavelmente  esse  grupo  veio  junto  com  os  puritanos  do  Mayflower  em  1620.      

Mas descobertos pelos puritanos de Boston foram expulsos de lá em pleno inverno

rigoroso de 1638. Negavam-se a entregar suas crianças para o batismo infantil dos

presbiterianos e dos congregacionalistas. Encontraram em Roade Island um abrigo

para sua fé. Formaram uma igreja anabatista em Newport neste mesmo ano. No ano

seguinte  fundaram  uma  igreja  batista  em  Providence.  Tinham  como  pastor  John

Clark, um homem de princípios e verdadeiro baluarte da fé. Também é desta igreja o

conhecido  Obadias  Holmes,  que  foi  o  sucessor  de  John  Clark  no  ministério.              

O pastor J.M. Carrol, no seu livro O Rasto de Sangue, página 47, assim narra as

perseguições          sofridas      por    Holmes        e    seus     companheiros           diante     da     Igreja

Congregacional em Massachussets Bay:  

 



“Com  respeito  às  perseguições  em  algumas  das  colônias  americanas  vamos

mencionar  alguns  exemplos.  De  certa  feita,  estava  enfermo  um  dos  membros  da

Igreja de John Clark. A família morava na Colônia e um pregador visitante de nome

Crandall  e  um  leigo  de  nome  Obadias  Holmes,  foram  visitar  a  família  enferma.

Enquanto  eles  estavam  realizando  um  culto  de  oração  com  a  família  doente,  um

oficial  ou  oficiais  da  colônia  prenderam-nos  e  mais  tarde  foram  apresentados

perante o tribunal para serem processados. Também está dito na história que para

arranjar  uma  acusação  mais  forte  contra  eles,  foram  levados  para  uma  reunião

religiosa da Igreja Congregacional, tendo as mãos amarradas. A acusação deles foi

a de não tirarem seus chapéus num serviço religioso.  

 



Todos  foram  processados  e  condenados.  O  governador  Endicott  está  presente.

Zangado  disse  a  Clark,  durante  o  julgamento:  -  Tendes  negado  o  batismo  infantil

(isto não era acusação contra eles). - Mereceis morrer. Não quero um traste deste

na  minha  jurisdição.  Como  pena  deviam  pagar  uma  multa  ou  serem  açoitados.        

A multa de Crandall (o visitante) foi de cinco libras; A pena de Clark foi de 20 libras;

A multa de Holmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar

um batista) foi de 30 libras. As multas de Clark e Crandall foram pagas por amigos.


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Holmes  recusou  igual  obséquio  alegando  que  não  havia  errado,  razão  porque  foi

bastante chicoteado. Os arquivos dizem que ele se despira até a cintura e que foi

açoitado  (com  chicote  tipo  especial)  até  que  o  sangue  lhe  cobriu  as  costas,

descendo pelas pernas até lhe encher os sapatos! “  

 



O Dr. J.M. Carrol ainda relata outra história de perseguições sofridas pelos batistas  

na América, e desta feita o perseguido o pastor Jaime Ireland, página 49:  

 



“A  Virgínia  foi  o  segundo  lugar  no  mundo  onde  a  liberdade  religiosa  foi  adotada,

seguindo a Rhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de

trinta pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação

contra  si  o  fato  de  pregarem  o  Evangelho  do  Filho  de  Deus.  Jayme  Ireland  é  um

exemplo. Ele foi preso... Depois disto os seus inimigos tentaram matá-lo a pólvora.

Tendo  falhado  neste  primeiro  esforço  quiseram  sufocá-lo  até  a  morte,  usando

enxofre,  que  ardia  sob  as  janelas  da  prisão.  Tendo  falhado  outra  vez,  tentaram

envenená-lo com o auxílio de um médico. Tudo falhou.

 



E Ireland continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão. Um muro foi

construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou fosse visto por ele,

mas  esta  dificuldade  foi  vencida.  O  povo  amarrou  um  lenço  à  ponta  de  uma

comprida  vara  a  qual  era  levantada  para  mostrar  a  Ireland  que  todos  estavam

reunidos. As pregações continuaram.”  

 



Hoje os Estados Unidos é o país mais evangelizado do mundo. Os batistas são o

maior      corpo     denominacional           do    país,    com      milhões       e   milhões      de     adeptos

esparramados  em  todo  canto  das  terras  americanas.  Mas  nem  sempre  foi  assim.    

A liberdade aos batistas só veio em plena pujança no século XVIII. O Dr. J.M. Carrol

traça um exemplo de como o Estado da Virgínia chegou dar liberdade religiosa aos

batistas, página 49:  

 

“Em Virginia foi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um

pastor batista, mas somente um. O pastor poderia pregar uma só vez de dois em

dois meses. Mais tarde esta lei foi modificada permitindo a pregação uma vez cada

mês. Mais ainda assim em um só lugar do Município e um único sermão naquele dia

mas nunca pregado à noite. Outras leis foram passadas não somente na Virgínia,

mas em outros lugares, proibindo qualquer trabalho missionário”.  

 



Hoje muitos desprezam o sentido denominacional dos  batistas. Eles se esquecem

que se hoje a Bíblia pode ser lida com liberdade é fruto de um laborioso trabalho de

persistência  dos  batistas,  sim,  daqueles  pastores  que  deram  seu  sangue  para

podermos receber a Bíblia, o livre direito de culto e o correto ensino das escrituras.

Dependesse  de  Calvino  e  Lutero  estaríamos  presos  às  correntes  da  escravidão

protestante  que  varreu  o  norte da  Europa.  Dependesse do  catolicismo  estaríamos

presos às correntes da escravidão e idolatria que sempre habitou no Sul da Europa

e de lá foi transportada para as Américas.  

 



                          O TRABALHO MISSIONÁRIO DOS BATISTAS

 



Não podemos chamar a vinda dos batistas ingleses para a América como uma obra  

missionária. Podemos chamá-la de uma emigração. Dois fatores contribuíram para

uma demora de uma organização missionária dos batistas. Primeiro que a Inglaterra

era um país com grande influencia no mundo. Aparentemente isso poderia ajudar na

obra missionária dos batistas. Mas é só nas aparências.  


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Sua  influencia  podia  ajudar  os  anglicanos  e  posteriormente  os  metodistas.  Já  os

batistas  não  impunham  a  sua  fé  a  ninguém.  Aos  batistas  importava  propor  e  não

impor o evangelho aos países conquistados pelos ingleses. Devido a antipatia dos

morados  nativos  pelos  ingleses  as  missões  tipo  da  dos  batistas  era  muito  difícil.      

O segundo fator era a pobreza que pairava nas igrejas batistas. Com seus direitos

civis   cassados   a   maioria   dos   seus   membros   era   gente   pobre   e   humilde.                    

Mesmo  assim,  enfrentando  todos  estes  obstáculos,  cabe  aos  batistas  o  troféu  de

serem a primeira denominação cristã a enviar um missionário na Era Moderna.  

 



                                   MISSÕES BATISTAS NA ÍNDIA

 



No final do século XVIII, o elemento humano usado por Deus para o início da obra

missionária foi um jovem pastor chamado William Carey. Ele foi mencionado no livro

Instituições Religiosas, pg 103, onde se lê:  

“Os batistas ingleses foram os primeiros, como William Carey, a organizar, em 1792,

missões  em  países  não  cristãos  (África,  China,  Índia)  por  intermédio  da  Baptist

Missionary   Sociat”.   Era   ele   sapateiro   de   profissão,   mas   como   tinha   intensa

curiosidade intelectual, extraordinária vontade de  pregar, logo se tornou conhecido

das igrejas e foi ordenado ao ministério batista. Como as igrejas que pastoreavam

eram pobres e não podiam dar sustento integral, permaneceu durante algum tempo

como  sapateiro.  Junto  a  sua  banca  de  sapateiro  tinha  mapas,  por  ele  mesmo

confeccionados,  em  que  fitava  constantemente  os  países  do  mundo  até  onde  o

evangelho não tinha chegado. Sentia profundo amor no coração pelos pagãos que

estavam morrendo sem Cristo. Finalmente conseguiu transmitir suas preocupações

a  diversos  colegas  de  ministério,  e  assim  foi  fundada,  em  1791,  uma  sociedade

missionária.  

 



William Carey foi nomeado missionário, juntamente com John Thomas e em 1793

seguiram para a Índia. A ida de Carey para as Índias não agradou os comerciantes

ingleses. Estes não viam com bons olhos a obra dos  missionários, porque temiam

que, convertendo-se ao cristianismo, os índios se tornassem menos fáceis de serem

explorados.  A  companhia  das  Índias  tudo  fez  para  prejudicar  os  missionários  e,

finalmente, conseguiu um decreto pelo qual não era  permitido mais o embarque de

missionários da Inglaterra para a Índia. Nada impedia, entretanto, que os candidatos

a  obra  missionária  embarcassem  para  a  América  e  de  lá,  para a  Índia.  Foi  o  que

fizeram.  Na  América,  entretanto,  enquanto  esperavam  navios  que  os  levassem  à

Índia,  punham-se  em  contato  com  as  igrejas  batistas  norte-americanas,  e  esse

contato incentivou a realização de um trabalho missionário próprio dessas igrejas.

 



                                MISSÕES BATISTAS NA BIRMANIA

 



As   Índias   não   foram   o   único   alvo   missionário   dos   batistas.   William   Ward,

companheiro de Carey, encontrou com um missionário Congregacionalista no navio

para  as  Índias.  Admirado  da  fé  de  William,  o  missionário  Adoniram  Judson  e  sua

esposa  Ana,  converteram-se  e  foram  batizados.  Naquele  tempo  a  maioria  dos

batistas faziam a coisa certa, davam muita consideração à forma, ao desígnio, ao

candidato,  e  ao  administrante  de  um  batismo.  Coisa  semelhante  aconteceu  com

outro  pastor  congregacionalista,  Luther  Rice,  que  também  no  navio  converteu-se

juntamente com Adoniram e foi batizado. Assim, em 1813, Adoniram foi para a Índia,

e seguiu um pouco além para a Birmania, onde se tornou um grande missionário.

Sua história pode ser encontrada em livros como “Ana de Ava”, uma autobiografia

do trabalho feito pela sua própria esposa.  


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Adoniram   Judson,   além   de   missionário   foi   também   um   homem   “das   letras”.                

Fez um dicionário birmanes e traduziu a Bíblia para esse idioma.  

 



               A UNIÃO DAS IGREJAS BATISTAS EM PROL DAS MISSÕES

 



Luter  Rice  voltou  aos  Estados  Unidos,  onde  pediu  ajuda  das  igrejas  batistas  da

América para  se  sustentar. Seu  pedido foi prontamente  atendido,  e  o maravilhoso

trabalho  desempenhado  por  Judson  e  Rice  fizeram  que  as  igrejas  batistas  se

organizassem numa Associação para poderem melhor atender as necessidades dos

missionários,  como  também  para  a  formação  de  novos  missionários  americanos.

Essa  associação  foi  denominada  Convenção  Geral  da  Denominação  Batista  nos

Estados  Unidos  para  Missões  no  Estrangeiro.  Não  podemos  confundi-la  com  as

atuais convenções batistas hoje existentes nos Estados Unidos. Esta missão tinha

um sentido puramente missionário. Visava os missionários. Era uma coisa simples e

quando deixou de existir (foi substituída por outra) contava com 99 missionários no

estrangeiro e 82 igrejas organizadas.  

 



A  Sociedade  fundada  por  William  Carey  não  era  exatamente  uma  cooperativa  de

igrejas.  Era  uma  sociedade  onde  pessoas se  juntavam para  mandar  missionários.  

A de Carey tinha doze pessoas quando foi fundada.  

 



                 O TRABALHO MISSIONÁRIO BATISTA NOS DIAS ATUAIS

 



Atualmente existem várias convenções e missões batistas organizadas em prol da

evangelização  dos  perdidos.  A  maior  de  todas  é  a  Convenção  Batista  do  Sul  dos

Estados  Unidos.  Todas  elas  tem  desempenhado  um  papel  importante  em  abrir

novos trabalhos batista pelo mundo. Para poderem melhor se organizarem e melhor

organizarem   seus   trabalhos  foi  formada   a   Aliança  Batista  Mundial   em   1905.            

A intenção inicial era a de ligar as igrejas batistas numa cooperativa de igrejas que

juntam-se para realizarem trabalhos missionários e outras atividades adjacentes.  

 



Porém  a  existência  da  Aliança  Batista  Mundial  é  uma  faca  de  dois  gumes.              

Por  um  lado  é  bom,  pois  dá  oportunidade  de  convenções  se  unirem  e  juntarem

forças para trabalhos mais complicados. Também é bom para que cada convenção

ou missão se conheça melhor. A Bíblia diz que é melhor serem dois do que um, e

uma  liga  de  três  não  se  quebra  tão  facilmente.  Muitos  trabalhos  missionários,  em

lugares        estratégicos,          tem       sido      abertos        e      sustentados          pela       Aliança.

Não podemos deixar de dizer o quanto isso é maravilhoso diante dos olhos de Deus.  

 



Por outro lado causa um certo temor. Muitos batistas errados estão infiltrados nesta

Aliança.  Não  dá  para  saber  quem  é  quem.  Outro  fator  negativo  é  que  o  trabalho

algumas vezes é direcionado para o lado ecumênico, o que faz o nome Batista estar

ajuntado com outras denominações erradas e antibíblicas. Outro lado ruim é a visão

missionária  da  Aliança.  Muitas  vezes,  na  intenção  de  formar  organizações  para-

eclesiásticas, o trabalho missionário fica em segundo plano.  

 



Afora  as  convenções  e  missões  existentes,  os  batistas  tem  o  privilégio  de  terem

muitos pastores independentes. São missionários enviados por igrejas não filiadas a

uma  missão  ou  convenção.  Não  são  poucos  no  Brasil,  e  estão  espalhados  em

diversos   pontos   do   mundo.   A   forma   mais   original   dos   batistas   estão   bem

exemplificados no comportamento e nas igrejas edificadas por estes pastores.

 


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O fruto destes  é um fruto  permanente, e  Deus  tem  certamente  um  plano especial

para  esta  forma  primitiva  de  ser  cristão,  e  quem  sabe  o  resgate  da  denominação

num futuro próximo. Da mesma forma que as muitas convenções se gabam de ter

grandes  homens  que  trabalharam  para  o  Senhor,  os  independentes  muito  mais,

pois,  cada  missionário  independente  tem  que  ser  homem  de  muita  coragem  e  de

muita fé no Senhor Jesus.  

                                                             



                                                   CAPITULO X

                                                             



                A HISTÓRIA DAS IGREJAS ERRADAS APÓS A EXCLUSÃO

 



Como dissemos a história das igrejas erradas diferem muito da história das igrejas

fiéis.  Assim  como  os  fiéis  que  foram  apelidados  de  “anabatistas”  elas  também

tiveram um apelido. Foram conhecidos por Católicos.  

 



                                           O Catolicismo Original

 



Em nosso país se conhece apenas o catolicismo romano. No entanto ele não é o

único nem primeiro. O catolicismo primitivo foi uma organização eclesiástica a qual

pertenciam  várias  igrejas.  Estas  igrejas  estavam  espalhadas  por  todo  o  Império

Romano. Após a morte dos apóstolos muitas igrejas sofreram a influencia maligna

do  paganismo.  Seus  membros,  instigados  pelos  falsos  pastores,  foram  vítimas  de

ensinamentos errados a respeito da autoridade de Cristo sobre sua igreja e também

a respeito de como se chegar até o céu. Tais pastores desviaram grandes igrejas

sendo que muitas delas um dia foram grandes baluartes da fé. A própria igreja de

Roma é um exemplo. O apóstolo Paulo chegou a escrever uma carta a esta igreja.

Porém, devido ao mau uso do púlpito, os falsos pastores desviaram completamente

o  rebanho,  Devido  terem  aceitado  heresias  estas  igrejas  foram  excluídas  pelas

igrejas fiéis em 225.

 



Igreja Católica significa “Igreja Universal”. E apesar deste apelido ter sido usado pela  

primeira vez em 170 pelo bispo de Cartago, referindo-se a todas as igrejas cristãs,

ela não tinha a idealização que tem hoje. Este nome começou a ganhar força a partir

de 313 quando as igrejas erradas aceitaram ser servas do imperador. Aí sim ficou

decidido que a igreja tinha que ser Universal. Tornou-se tão Universal que quem não

pertencesse a ela seria punido com a morte. Este pensamento fez com que estas

igrejas enchessem suas fileiras de pessoas não convertidas. Em algumas épocas a

conversão chegou a ser nacional e não pessoal. Se o rei do país tornasse católico

ele  obrigava  todo  seu  povo  a  ser  católico  também.  O  evangelho  a  partir  de  313

deixou  de  ser  proposto  para  ser  imposto  sobre  todos  os  moradores  do  Império

Romano.  

 



O catolicismo original contava com cinco patriarcados (ou igrejas mais importantes).

Eram        eles:      Jerusalém,         Roma,        Constantinopla,           Antioquia         e    Alexandria.                    

Estas cinco igrejas brigavam entre si para ver qual delas teria a primazia sobre as

demais.       Esse      quadro       começou         a    mudar       com      o    advento        do    islamismo.

A nova religião praticamente destruiu a importância de três patriarcados: Jerusalém,

Antioquia  e  Alexandria.  Isso  polarizou  o  catolicismo  em  duas  grandes  correntes.          

A corrente grega reunia sobre sua autoridade as igrejas do Oriente e foram lideradas

pela igreja de Constantinopla. Já a corrente latina reunia sobre a sua autoridade as

igrejas do ocidente e foram lideradas pela igreja de Roma. Essas duas igrejas foram

rivais até o século IX. Nesse tempo o catolicismo se dividiu.

 


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                                               A Divisão do Catolicismo

 



No ano de 869 os bispos de Roma e Constantinopla tiveram um grande atrito entre

eles. No final da confusão os pastores de Roma e Constantinopla se excomungaram

mutuamente. Desde este dia estas duas igrejas se separaram e até hoje existe dois

tipos  de  Catolicismo.  O  Catolicismo  Oriental  -  representado  pelas  igrejas  de  rito

grego  -  também  chamado  de  Igreja  Ortodoxa  Grega;  e  o  Catolicismo  Ocidental  -

representado  pelas  igrejas  de  rito  latino  -  também  conhecido  como  Igreja  Católica

Apostólica Romana.  

 



                               Algumas Diferenças dos Dois Catolicismos

 



A infalibilidade papal e a supremacia universal da jurisdição de Roma constituem a

diferença essencial, que a igreja ortodoxa não admite, pois ferem a santa escritura;  

 



A sagrada escritura e a santa tradição representam  o mesmo valor como fonte de

revelação,  segundo  a  igreja  ortodoxa.  A  romana,  no  entanto,  considera  a  tradição

mais importante que a sagrada escritura.  

 



A  virgem  Maria,  igual  as  demais  criaturas,  foi  concebida  em  estado  de  pecado

original. A igreja romana, em 1854, proclamou o dogma de fé a Imaculada conceição

da Virgem Maria.  

 



Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimonio.

 



A Igreja Ortodoxa só admite ícones nos templos e o  batismo é por imersão - mas é

infantil.  

 



Na  Igreja  ortodoxa  não  existem  as  devoções  ao  sagrado  coração  de  Jesus,              

Corpus  Christi,  Via  Crucis,  Rosário,  Cristo  Rei,  Imaculada  Conceição,  Coração  de

Maria entre outras.  

 



Na igreja ortodoxa o chefe principal é chamado de Patriarca e ele deve-se submeter

a decisão do Santo Sínodo Ecumênico, que compõe todos os patriarcas chefes das

Igrejas Autônomas.  

 



Na Igreja Romana o chefe principal é chamado de Papa e a ele se submete toda  

igreja.  

 



A  igreja  Ortodoxa  segue  o  ritmo  do  Catolicismo  original  compondo-se  de  diversas

igrejas  autônomas  e  nacionais  (Ex.  Igreja  da  Rússia,  Igreja  da  Armênia,  Igreja

Copta). Já a igreja Romana considera-se uma igreja Una, sendo ela mãe e não igual

a todas as outras igrejas.  

 



A Igreja Católica Realmente Precisava ser excluída em 225?  

 



Pode parecer maldade das igrejas fiéis o fato de terem excluídos de sua comunhão

as  igrejas  erradas  em  225.  Mas  os  fatos  que  se  sucederam  mostraram  que  as

igrejas fiéis realmente tinham razão.  

 



A  primeira  razão  está  no  espírito  que  as  movia.  Não  era  o  espírito  de  Deus.

Seus pastores geralmente eram homens cruéis e sanguinários. Os papas foram os

maiores perseguidores das igrejas fiéis que o mundo conheceu. Por mais de 1300

anos perseguiram e mataram cruelmente os membros das igrejas fiéis.


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Com a introdução do batismo infantil seus membros acabaram todos sendo cristãos

sem precisarem se converter de seus pecados.  

 



Na  questão  doutrinária  os  erros  aumentam  ainda  mais.  Os  dois  primeiros  erros  –

formação  da  hierarquia  e  salvação  pelo  batismo-  logo  foram  seguidos  por  muitos

outros. Para que os bárbaros, acostumados com os cultos às imagens, pudessem

realmente   serem   atendidos   pela   igreja   Católica,   muitos   lideres   eclesiásticos

entenderam ser necessário materializar a liturgia. Surgiu a idolatria. A veneração de

anjos,  santos,  relíquia,  imagens  e  estátuas  foi  uma  conseqüência  lógica  deste

procedimento.  Os  pagãos,  acostumados  à  veneração  de  seus  heróis,  quando

vinham  para  a  igreja  católica,  pareceu-lhes  natural  substituir  os  seus  heróis  pelos

santos e lhes dar um status de semi-divindade. Não tardou e em 590 já veneravam

até  relíquias,  cadáveres,  dentes,  cabelos  ou  ossos  dos  considerados  “santos”.

Ações de graças ou procissões de penitencia tornaram-se parte do culto a partir de

313.  A  oficialização  do  batismo  infantil  foi  feita  a  partir  de  370.  Em  471  foi

promulgado  o  dogma  de  que  Maria  é  mãe  de  Deus.  Assim,  por  volta  de  590  se

desenvolveu  rapidamente  sua  veneração.  A  doutrina  da  Imaculada  Conceição  só

apareceu em 1854, e de sua miraculosa assunção em 1950.  

 



A cada ano que passa estas igrejas tornam-se cada vez mais longe das escrituras.

Apesar de existir muita gente boa em suas fileiras é impossível alguém que cumpra

certo suas doutrinas chegar ao céu. Não se pode servir a dois senhores.  

 



                             A ORIGEM DAS IGREJAS PROTESTANTES

 



No século XVI, por volta de 1500, a igreja Católica Romana passou por uma crise

interna       que      resultou        na     dissidência         de      quase       metade         de     seus       fiéis.

Essa  dissidência  foi  chamada  de  “Reforma  Protestante”.  Foi  dessa  reforma  que

surgiram as Igrejas Luterana, Presbiteriana, Anglicana e a Reformada da Holanda.

Todas  essas  igrejas  foram  reformadas  por  padres  ou  com  a  ajuda  de  padres.          

Os mesmos já não agüentavam tanta heresia e opressão que vinha do Catolicismo

Romano.  Certos  absurdos  como  mariolatria,  purgatório,  adoração  de  santos  e

imagens  e  as  indulgencias,  eram  erros  tão  graves,  que  mesmo  um  católico  bem

informado não pode suportar.

                                                               



                                   A ORIGEM DA IGREJA LUTERANA

 



A primeira igreja protestante a surgir foi a Igreja Luterana. Esta igreja leva o nome e  

as  características  de  seu  fundador,  Martinho  Lutero.  Lutero  era  um  homem  muito

inteligente, porém agressivo. Não concordava com a venda de indulgencias e outras

heresias          da       igreja       de       Roma.         Contudo           nunca         quis       abandoná-la.

Sua vontade era reformá-la.  

 



Em       1512       Lutero       começou           a    pregar       contra       a     salvação         pelas      obras.

Fez muitas conferencias confirmando que o justo iria viver da fé. E nisso ele tinha

razão.  Em  vários  sermões  ele  condenou  a  prática  da  venda  da  indulgencia.                    

Em  31  de  Outubro  de  1517  ouviram-se  fortes  marteladas  na  porta  da  Igreja  de

Wittenberg. Era Lutero condenando o Papa Leão X e seus legados numa bula de 95

teses. Entre estas teses, algumas eram especialmente desafiadoras:  

 



“Os pregadores de indulgencias erram quando declaram que o perdão do Papa livra

o pecador da penitencia e assegura-lhe perdão”.  

 

 


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“Os que se julgam seguros da salvação pelas cartas do Papa, serão amaldiçoados

eternamente,  e  na  companhia  de  seus  mestres.  “Por  que  o  Papa  não  esvazia  o

purgatório pelo amor?”  

 



Devido a essa bula Lutero foi excomungado pelo Papa em 1519. Mas, apoiado pelos  

imperadores regionais e pelo povo de muitas cidades alemãs, Lutero levou a afinco

suas idéias. Ao meio de muita confusão e guerras ele conseguiu reformar a igreja

católica na Alemanha em 1521. Essa igreja foi chamada de Luterana.  

 



Seus seguidores foram chamados de luteranos. Na Alemanha e em alguns outros

países do norte europeu ela se tornou a religião oficial do pais. A maioria das igrejas  

católicas  que  existiam  nesses  países  -  contanto  os  fiéis,  prédios  e  padres  –

simplesmente  se  tornaram  luteranos.  Geralmente  as  freiras  se  casaram  com  ex-

padres.  O  termo  missa  foi  conservado.  As  formas  liturgicas  de  dirigir  o  a  missa

quase   não   mudou.   O   batismo   infantil   era   uma   lei   que   devia   ser   cumprida.

A  hierarquia  continuava  a  mesma,  sendo  o  primeiro  chefe  da  igreja  Luterana  o

próprio Lutero.  

 



A igreja luterana matou e perseguiu os batistas na Alemanha e em todos os países

que ela se tornou a igreja oficial do país. No ano de 1525 Lutero ordenou a morte de

mais  de  cem  mil  anabatistas  no  sul  da  Alemanha.  Seu  ódio  aos  batistas  estava

fundamentado  no fato  que  estes, por obedecerem  a Bíblia,  nunca  o aceitou  como

um servo de Deus.  

                                                               



                                  A ORIGEM DA IGREJA ANGLICANA

 



Em 1531, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, queria se divorciar de sua esposa para

se casar com outra mulher. O Papa não autorizou o feito. Essa recusa aborreceu o

rei,  e  então  ele,  que  chegou  a  ser  inimigo  da  reforma  proclamada  de  Lutero,

reformou a Igreja Católica na Inglaterra. Essa nova Igreja foi chamada de Anglicana

(ou Episcopal). No princípio a única coisa que diferia da Igreja Católica era o fato de

não  ter  papa.  Depois,  com  o  passar  do  tempo,  os  anglicanos  adotaram  muitos

princípios de Calvino.  

 



Assim  como  os  luteranos  e  os  presbiterianos  ela  usa  o  erro  do  batismo  infantil.

Também possui uma hierarquia quase igual a do catolicismo. Devido as conquistas

da      Inglaterra        sobre       muitos        países,       essa       igreja      foi     muito       favorecida.

Está  representada  em  quase  todos  os  países  do  mundo  e  é  muito  forte  onde  a

Inglaterra       mantém         o    seu     controle.       A    igreja     Anglicana         tem     muitas       filhas.

A mais conhecida em nosso país é a Igreja Metodista.  

 



A  Igreja  Anglicana  tornou-se  tão  intolerante  para  com  os  batistas  como  foi  o

catolicismo. No Pais de Gales havia um grande número de batistas e por causa da

perseguição  quase  todos  tiveram  que  fugir  para  a  América.  A  perseguição  dos

anglicanos aos batistas  durou  até o  ano  de  1688. Grandes pastores  como Tomas

Hellys e John Bunyan fizeram história devido a perseguição que o anglicanismo lhes

moveu.

 



                               A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA

 



A  Igreja  Presbiteriana  foi fundado por  João  Calvino .  Ele foi  um  grande teólogo  no

sentido teórico, porém, um péssimo executor no sentido prático. Assim como Lutero

ele buscava uma reforma dentro da Católica.  


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Não conseguindo acabou se rebelando, e, em 1541 formou uma igreja na cidade de

Genebra,  Suíça.  Essa  igreja  no  princípio  não  tinha  um  nome  definido,  mas  João

Knox, um grande seguidor das idéias de Calvino, chamou-a de PRESBITERIANA.  

 



Nesta       cidade        Genebra         Calvino        impôs       as     suas       ordenanças          eclesiásticas.

Eram  leis  extremamente  rígidas  e  severas.  Ali  o  evangelho  não  era  pregado  mas

ordenado aos cidadãos. Proibiu as diversões, as festas, os enfeites e as críticas ao

seu  governo.  Aqueles  que  eram  considerados  infratores  recebiam  duros  castigos,

inclusive   a   morte   na   fogueira.   Agindo   dessa   forma   ele   queimou   feiticeiros,

humanistas e batistas. Sua cidade era tão santa que na hora de casar ele não quis

uma membra de sua igreja. Casou-se com a viuva de um pastor anabatista.  

 



Como  foi  dito  sua  teologia  era  apenas  teórica.  Calvino  teve  verdadeiro  ódio  pelos

batistas,   pois   os   mesmos   não   aceitarem   sua   igreja   como   sendo   uma   igreja

biblicamente correta. Os batistas viam na igreja Presbiteriana alguns erros que não

podiam          ser      deixados         de      lado.       O      primeiro        era       o     batismo         infantil.

O     Segundo          foi    consistia       dela      ter    se     tornado        uma       religião      do     Estado.

O terceiro foi a formação de uma hierarquia esquematizada em presbitérios.  

 



A  Igreja  Presbiteriana  é  a  religião  Oficial  da  Escócia  e  está  bem  organizada  em

muitos  países  do  mundo  inteiro.  Hoje  ela  divide-se  principalmente  em  Igrejas

Nacionais (Ex. P. do Brasil) as Independentes, e as Renovadas.  

 



                                   A ORIGEM DA IGREJA METODISTA

 



Muito próximo do século XVIII nasceram três meninos na Inglaterra. Eram eles: John

Wesley,   Carlos   Wesley   e   George   Whittfield.   Estes   três   se   tornaram   pais   e

fundadores de um movimento que mais tarde foi conhecido como metodismo.  

 



John Wesley se tornou pastor anglicano em 1728. Apesar disso só aceitou Jesus em  

1538,  ou  seja,  dez  anos  após  a  sua  conversão.  Em  1739  ele  foi  ser  capelão  nos

EUA.  Na  viagem  de  navio,  como  uma  tempestade  lhes  sobreveio,  teve  medo  de

morrer. Acabou notando que tinha no navio um grupo de pessoas que não temiam a

morte. Esse grupo cantava e orava alegremente no momento da tempestade.

 



Essas pessoas eram os Irmãos Morávios (os mesmos que receberam a influencia

dos   paulicianos   no   século   XII).   John   aprendeu   muito   com   esse   grupo   e,

provavelmente,  foi  por  eles  batizado.  Neste  mesmo  ano  John  encontrou-se  com

George Whitfield.  George  convidou-o  para  participar  de  uma  pregação  ao  ar  livre.

Carlos  também  se  juntou  ao  grupo.  Assim  os  três  iniciaram  um  reavivamento  na

igreja  Anglicana.  John  Wesley  nunca  rompeu  com  a  igreja  da  Inglaterra.  Ele  não

queria formar uma nova religião. Contra sua vontade, no ano de 1784, formou-se a

Igreja Metodista na cidade de Baltmore, nos EUA.  

 



Os metodistas nunca perseguiram os batistas.  

Na  verdade  o  seu  começo  está  ligado  a  pessoas  que  realmente  tiveram  uma

transformação  em  suas  vidas.  O  erro  desta  igreja  é  que  conservaram  o  sistema

Episcopal da Igreja Anglicana e o costume de batizar crianças.

 



                     A ORIGEM DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

 



A  Igreja  adventista  tem  duas  origens  distintas.  A  primeira  está  ligada  ao  nome

ADVENTISTA. Não era para ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda

vinda de Cristo pregada pelo pastor Guilherme Miller.  


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A  segunda  está  ligada  ao  nome  Sétimo  Dia,  totalmente  contrária  a  fé  de  Miller  e

implantado por uma mulher chamada Ellen G. White.

 



A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiro

americano.  Sua família  foi  toda  batista.  Havia  entre  seus  primos  alguns  que  eram

pastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de ter

servido o exercito em 1814. Ao aceitar Jesus mergulhou ele num profundo exame da

Bíblia.  Atraíram-no  particularmente  as  passagens  de  Daniel  e  do  Apocalipse,

levando-o a investigar a data mais provável do fim do mundo.  

 



Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nome  

adventistas), para  o ano  de 1843.  Diz  ter  ouvido  uma  voz  interior  que  lhe  insistiu:  

“Vá e di-lo ao mundo”. Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas, metodistas

e  congregacionais,  proclamava  o  ADVENTO.  Pregou  o  advento  durante  dez  anos

por  toda  a  costa  oriental  dos  EUA.  Muitos  de  seus  ouvintes  começaram  a  pregar

também. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.

 



Pessoas  houve  que  começaram  a  preparar  o  vestuário  para  o  dia  da  ascensão.

Passando o ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia

21  de  Março  de  1844.  Neste  dia,  milhares  de  pessoas,  vestidas  de  branco,

passaram a noite toda esperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que

estava  errado.  Voltou  a  sua  congregação  e  pediu  desculpas  por  tão  grave  erro.      

Até voltou a ser um pastor batista. Infelizmente o  mesmo não se deu com alguns de

seus seguidores, que a partir de 1844, formaram o movimento do ADVENTISMO.

 



De  1844  a  1860,  os  seguidores  de  Miller,  sendo  uma  boa  porcentagem  deles

batistas  excluídos,  foram  conhecidos  apenas  como  adventistas.  Continuaram  na

insistência  por  datas.  Quase  uma  por  ano  até  o  ano  de  1877.  Entre  os  fiéis

seguidores   de   Miller   estava   a   senhora   Ellen   G.   White,   que,   depois   de   ver

fracassadas  outras  tentativas  de  marcação  de  datas,  afirmou  ter  tido  visões  dos

céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel 8,13-

14, está no céu e não na terra. Cristo teria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse

santuário celestial. A próxima visão de Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde

surgiu o complemento do nome Adventista do Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve

uma   visão   havia   onde   uma   arca   no   céu   e   nela   estavam   escritos   os   dez

mandamentos.  Dos  mandamentos  se  destacava  o  quarto,  porque  se  apresentava

dentro de um circulo de luz. Entendeu ela que esse mandamento precisava receber

maior   atenção   que   os   outros.   Sua   mensagem   foi   aceita   pelos   membros   do

adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

 



                           A ORIGEM DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

 



Esta seita foi formada por um homem que sentia verdadeiro ódio pelas comunidades  

cristãs.  Seu  nome  era  Charles  Taze  Russel,  nascido  na  Pensilvania  em  1852.                

De origem presbiteriana, passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da

nova seita, a dos adventistas do sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro

fã  do  adventismo.  Tomando  o  seu  próprio  caminho,  começou  a  fazer  estudos

bíblicos semanais com um grupo composto inclusive de pessoas de outras igrejas

evangélicas.

 



Não demorou muito, lançou sua própria profecia, em nítida semelhança ao fundador

do adventismo: “A segunda vinda de Cristo se daria em 1914”.  

 


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Logo  começou  a  discordar  de  muitos  pontos  doutrinários  dos  adventistas  e,  em

1872,  reunindo  alguns  simpatizantes  de  suas  idéias,  começou  a  organizar  o

movimento que hoje é conhecido como “Testemunhas de Jeová”. Antes desse nome

tiveram  muitos  outros.  Somente  entre  os  anos  de  1817  a  1826,  mudaram  suas

doutrinas nada menos que 148 vezes. Nem que Jesus é Deus. Dizem que o Espirito

Santo não é uma pessoa inteligente. Jesus era o arcanjo Miguel. Não existe inferno,

além muitas outras heresias que só eles mesmos para acreditar. Pior. Como tudo

que é errado tendem a crescer cada vez mais.  

 



                                               OS PENTECOSTAIS

 



As  primeiras  manifestações  pentecostais  podem  remontar  até  ao  século  XVIII,

quando  o  metodismo  foi  implantado.  Wesley,  ao  comentar  algumas  pessoas  que

entraram em êxtase em um de seus cultos comentou: “Essas manifestações podem

ou não ser verdadeiras”.  

 



                                  A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO

 



O primeiro grupo de pentecostais conseguiram sua membresia das igrejas Holiness  

Weslyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, dos grupos renovados

onde  elas  começaram  (batistas,  metodistas,  presbiterianas).  O  primeiro  grupo

enfatizava  o  falar  em  línguas  estranhas  como  evidencia  do  Batismo  no  Espirito

Santo. Em termos de data, foi provavelmente a abertura do Bethel Bible College em

Topeka, Kansas, dirigido por Charles Parhan, em outubro de 1900.  

 



Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obra  

do Espirito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe  

impusessem  as  mãos  para  que  ela  recebesse  o  Espirito.  Ela  falou  em  línguas,  e

mais tarde, outros estudantes falaram em línguas também.  

 



Parhan  abriu  outra  escola  em  1905,  na  cidade  de  Houston,  Texas.  Foi  de  lá  que

William J. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o

líder  de  uma  missão  no  numero  312  da  Rua  Azusa  em  Los  Angeles,  no  ano  de

1906. Falar em línguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitá-

la tiveram experiências similares e levaram a mensagem para outros países. Pode-

se  dizer  que  a  Missão  da  rua  Azusa  é  a  mãe  do  pentecostalismo  mundial.            

Essa  missão  chamava-se  “MISSÃO  APOSTOLICA  DA  FÉ”.  Este  nome  durou  até

1914 quando foi mudado para “ASSEMBLÉIA DE DEUS”.

 



Muitos jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com William J. Seimor  

para receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os fundadores

da Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais em 1908,  

 



Em  1907,  um  pastor  chamado  William  H.  Durhan,  recebeu  de  Seimor  os  dons.

Durhan  abriu  sua  própria  missão  também  em  Los  Angeles.  Ficava  na  North  Ave,

943.  Foi  nesta  missão  que  Louis  Francescon,  futuro  fundador  da  Cristã  do  Brasil,

recebeu os seus dons.  

 



                                     OS PENTECOSTAIS NO BRASIL

 



O pentecostalismo no Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em três  

épocas  diferentes.  São  eles:  Os  pentecostais  históricos  que  surgiram  na  primeira

década deste século (Assembléia e Cristã).  


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Os   pentecostais   da   segunda   Geração,   surgidos   a   partir   da   década   de   50

(Quadrangular,   Brasil   para   Cristo,   Casa   da   Benção,                        Deus   e   Amor);   e   os

neopentecostais,  surgidos  a  partir  da  década  de  setenta  sendo  a  principal  a

Universal do Reino de Deus.

 



                    A ORIGEM DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL

 



A  Congregação  Cristã  foi  a  primeira  igreja  pentecostal  a  se  instalar  no  Brasil.          

Foi  fundada  no  Brasil  pelo  missionário  Louis  Francescon,  um  italiano  nascido  em

Cavasso Novo, Udine. Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em

1891. Nessa igreja chegou a ser diácono e, na ausência do pastor, causou distúrbios

a fé presbiteriana, indo-se batizar por imersão juntamente com outros 18 membros.

Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903, mesmo não sendo ordenado para o ato.

Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H. Durhan. Nesta mesma igreja foi-

lhe revelado que deveria pregar a colônia italiana, o que fez com presteza.  

 



Francescon  visitou  a  Argentina  em  Setembro  de  1909  e  em  Janeiro  de  1910.

Chegou ao Brasil em Março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato

direto foi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira

igreja  no  Brasil  com  colonos  italianos.  Foram  onze  ao  todo.  O  crescimento  desta

igreja     foi   tímido     até    o    meado       dos     anos      50.    A    partir   desta      data     cresce

expressivamente.   No   Sul   e   Sudeste   do   pais,   muitas   igrejas   do   interior   que

professavam a fé presbiteriana foram alvos de renovação por parte dos adeptos da

Congregação. Interessante é notar o dom de línguas que possuía. Em seu diário ele

diz  que  por  suas  mãos  muitas  pessoas  conseguiram  estes  dons.  Mas  acaba

entrando em contradição na página 23 do mesmo. Lá ele diz: “Outra dificuldade que

encontrei foi não conhecer uma palavra do idioma portuguesa se achar sem dinheiro

e doente”. E o dom de línguas que possuía, servia para que?  

 



                      A ORIGEM DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

 



Em  19  de  Novembro  de  19l0  chegaram  ao  Brasil  dois  pastores.  O  primeiro  era

Gunnar  Vingren,  um  ex-pastor  batista  que  fora  excluído  do  ministério  pela  Igreja

Batista  de  Michigan.  O  segundo  era  Daniel  Berg  que  também  fora  excluído  da

comunhão batista. Depois de receberem os dons de William Seimor, e para atender

a um sonho de um irmão chamado Adolf Uldin, vieram para o Brasil.  

 



Chegando  em  Belém  de  Pará  se  apresentaram  a  Eurico  Nelson,  um  missionário

batista no Amazonas. Identificando-se como batistas, ofereceram-se para ajudar no

trabalho e pediram hospedagem. Como não tinham carta de recomendação, e nem

podia ter pois eram excluídos, o missionário deixou-os usar o porão da igreja como

casa.

 



Logo depois Eurico Nelson precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidade

para  que  os  dois  recém  chegados  pedissem  ingresso  na  igreja,  declarando-se

membros  deuma  igreja  nos  Estados  Unidos.  Vingren  declarou  sua  condição  de

pastor e a igreja recebeu-os com alegria. Como não sabiam falar português e nem

os membros inglês - com exceção de um - tudo ficou muito fácil. Nota-se uma certa

desonestidade  em  como  eles  conseguiram  a  entrada  na  igreja.  Primeiro  que  não

falaram  que  eram  membros  excluídos.  Depois  porque  não  esperaram  a  volta  do

pastor titular que, naquele tempo, tinha que fazer a viagem de Belém de Pará ao Sul

de Navio, e levaria meses para voltar.

 


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Os dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão da  

igreja.  Só  alguns  membros  eram  convidados  e  as  reuniões  começavam  após  o

término dos cultos regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas e

estranhos  ruídos.  Alguns  membros  da  igreja  começaram  a  adotar  as  idéias  dos

falsos irmãos. Aumentando o número e chegando ao ponto de haver manifestações

pentecostais  numa  reunião  de  oração  da  igreja,  o  evangelista  Raimundo  Nobre

convocou, com o apoio da maioria dos diáconos, uma  sessão extraordinária, e os

adeptos de Vingren e Berg foram excluídos. Ao todo foram treze pessoas excluídas.

(dezenove  segundo  o  MP  06-96).  No  meio  deles  estava  o  moderador  da  Igreja,

substituto direto de Eurico Nelson, José Plácito da Costa, homem culto e o provável

tradutor das mensagens pentecostais nas reuniões do porão. A igreja contava com

170 membros, assim, é estranho que o historiador pentecostal, Emilio Conde, diga

que a minoria excluiu a maioria.

 



Vingren e Berg não pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismo  

dentro   das   igrejas   batistas.   Percorreram   o   Brasil   inteiro   na   busca   de   novas

renovações.         Pode-se       dizer     que     em     muitos      casos      foram     bem      sucedidos.

O  próprio  Vingren  afirma  em  seu  diário  que:  “Por  onde  íamos,  buscávamos  nas

igrejas  e  nas  casas  dos  batistas  infundirem  o  novo  batismo”.  Este  novo  batismo

constituía de doar aos crentes já convertidos o dom de línguas.

 



Nisso  Vingren  também  entra  em  contradição  na  questão  dos  dons  de  língua.              

Ele  considerava-se  o  doador  do  dons  de  línguas  a  muitos  crentes.  Pois  bem.  Na

página  34  de  seu  diário  ele  relata:  “Agora  com  esforço  começamos  a  estudar  a

língua,  e  durante  esse  tempo  participamos  dos  cultos  da  igreja  Batista.  Por  não

termos  dinheiro  para  pagar  as  aulas,  Daniel  teve  de  conseguir  um  emprego  na

fundição. Ali ele trabalhava de dia, enquanto eu estudava o idioma. Depois eu lhe

ensinava de noite o que aprendera de dia.

 



Assim,   com   esforço   aprendemos   o   português.”   Esse   foi   o   mesmo   erro   de

Fancescon.  Que dom  era  esse  que  não foi  usado  para  o fim  que  a  Bíblia  deixou,

pois,  em  Atos  2,  diz  que  as  línguas  faladas  pelos  apóstolos  coincidia  com  a

necessidade   de   cada   ouvinte;   Romano   ouvia   em   Latim.   Grego   em   grego.

E  nenhum  dos  apóstolos  tiveram  que  entrar  na  escola  para  aprender  idioma

nenhum. Em 1911 os dois fundaram a Missão de Fé Apostólica que posteriormente

mudou-se de nome para Assembléia de Deus. Cresceram muito após a década de

50  e  são  hoje  o  maior  grupo  de  pentecostais  no  Brasil  chegando  a  mais  de  três

milhões de adeptos.

 



               A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA GERAÇÃO

 



A partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato

deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que  

percorreu  todo  o  país.  Usavam-se  tendas  como  templos  improvisado  e  grandes

anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração

de pentecostais.  

 



Foi  assim  que  nasceu  a  IGREJA  DO  EVANGELHO  QUADRANGULAR.  Ela  foi

fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de

São Paulo. Foi a inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram

tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como os assembleianos e os cristãs.

Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores.


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Deixando  a  recomendação  de  Paulo  em  I  Tm  2,8-13,  atropelaram  as  escrituras  e

ordenam   mulheres   para   o   ministério,   dando   a   estas   o   titulo   de   pastoras.                    

Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.  

 



A  febre  do  pentecostalismo  estava  a  toda  nessa  época.  Em  1956  o  ex-pastor

assembleiano  e  depois  quadrangular,  Manuel  de  Melo,  iniciou  uma  divisão  nestas

duas igrejas. Dessa divisão surgiu a IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Esta igreja

foi  um  pouco  mais  rígida  que  a  quadrangular  e  um  pouco  menos  exigente  que  a

Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele

chegou a ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros

da Assembléia de Deus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na

cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o

país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros.  Na ultima pesquisa feita o

número  foi  de  197.000.  Com  a  morte  do  missionário  o  trabalho  deixou  de  ter  o

crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido muitos membros para

as divisões das assembléias e para os neopentecostais.  

 



As  igrejas  pentecostais  continuaram  a  rachar.  Em  1960  surgiu  a  IGREJA  NOVA

VIDA  no  Rio  de  Janeiro.  O  missionário  David  Martins  Miranda,  que  tem  origem

assembleiana, deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja

ainda  está  em  ascensão.  Cresce  muito  entre  a  população  mais  carente  do  país.      

O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajuda muito a sua propagação. Seus

programas de rádio tem grande audiência na camada mais pobre, e principalmente,

nos morados da zona rural. Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes a

IGREJA  SÓ  O SENHOR  É  DEUS,  que  tem  como fundador  o  missionário  Miranda

Leal ( Que dizem ser primo de Davi Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em

Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, tem a

forma de uma Arca, como a de Noé. Em 1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada

pelo  missionário  Doriel  de  Oliveira.  É  quase  inexpressiva  nas  cidade  de  pequeno

porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma  

usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.

 



                                       OS NEOPENTECOSTAIS

 



Neopentecostalismo  é  o  nome  que  se  dá  aos  pentecostais  da  terceira  geração.    

São  assim  chamados  porque  diferem  muito  dos  pentecostais  históricos  e  dos  da

segunda  geração.  Realmente  é  um  novo  pentecostalismo.  Não  se  apegam  a

questão  de  roupas,  de  televisão,  de  costumes,  e  tem  um  jeito  diferente  de  falar

sobre Deus. Dualizam o mudo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles

o  mundo  está  completamente  tomado  por  demônios,  e  é  sua  função  expulsá-los.

Pregam   a   prosperidade   como   meio   de   vida.   Pobreza   é   coisa   de   Satanás.            

Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus

cultos   são   sempre   emotivos   objetivando   uma   libertação   do   mundo   satânico.          

Em  muitos  pontos  pode-se  dizer  que  suas  doutrinas  são  bem  parecidas  com  as

doutrinas  das  religiões  orientais,  tais  como  Seicho-No-E,  induísmo  e  budismo.        

Para eles o crente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.

 



Este movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se  

muito aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anuncio de curas e

milagres,      tiveram     uma      grande      audiência.      Seus      ouvintes     e    telespectadores

geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é

forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.


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No  Brasil  a  maior  igreja  neopentecostal  é  a  UNIVERSAL  DO  REINO  DE  DEUS

(IURD). Já conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior

igreja evangélica do país, ficando atras apenas da Assembléia e da Cristã. Fundada

em 1977 pelo bispo Edir Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopal

como  o  católico.  Possui  um  forte  esquema  de  comunicação,  que  é  sem  dúvida  o

fator de peso na divulgação e crescimento de seus trabalhos.  

 



Depois   da   Universal   a   maior   igreja   neopentecostal   no   Brasil   é   a   IGREJA

INTERNACIONAL  DA  GRAÇA.  Esta  igreja  foi  fundada  em  1980  pelo  missionário

R.R. Soares no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen

(um dos maiores apresentadores de igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe

muito      na     apresentação          de     seus      programas.         Outra      Igreja     forte    no     ramo

neopentecostal  é  a  RENASCER  EM  CRISTO,  que  trabalha  principalmente  com  a

camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão.

A tendência é crescer. Seu fundador se auto declarou “apóstolo”.

 



                               AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO

 



O  pentecostalismo  é  um  mal.  Primeiro  por  que  causa  divisão.  Segundo  porque

causa confusão. Só no Brasil são mais de duas mil denominações registradas em

cartório como autenticas pentecostais. Por exemplo: A Assembléia nasceu em 1910.

Só que hoje existe diversas Assembléias e todas nascidas de um racha dentro de

outra      Assembléia.          A     cristã     é     uma       renovação         da     igreja      presbiteriana.

Mas hoje já existe a Cristã Renovada. Esse tipo de comportamento só serve para

causar confusão. O método de aceitar membros de qualquer outra igreja, sem saber

qual era sua vida na sua igreja de origem, faz com  que prevaleça a desordem e a

descrença denominacional.

 



Os  pentecostais  alegam  que  o  aparecimento  do  Espirito  Santo  dentro  das  igrejas

surgiu  como  resposta  de  Deus  ao  modernismo  teológico  (MP  pg  04,  06-96).          

Quer dizer que o Espirito Santo tinha sumido das igrejas por quase dois mil anos?

Poucos  sabem,  quando  afirmam  uma  coisa  dessas,  que  quando  os  pentecostais

estavam  renovando  os  trabalhos  batistas  no  começo  do  século,  estes  mesmo

“crentes  frios”,  estavam  dando  suas  vidas  em  campos  missionários  de  todo  o

mundo. Antes de dividir as igrejas de Jesus seria bom que lessem Provérbios 6,19.

 



                                       OS BATISTAS RENOVADOS

 



A renovação das Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de

1958. Desde esta data até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas  

reuniões foram feitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas de todo Brasil.

 

O  iniciador  do  movimento  divisório  nas  igrejas  batistas  do  Brasil  foi  um  pastor  da

Igreja   Batista   de   Vitória   da   Conquista   chamado   José   Rego   do   Nascimento.                    

Era um grande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas

de  nome  para  o  seu  movimento.  Foi  o  caso  do  pastor  Enéias  Tognini,  pastor  da

Igreja Batista de Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias

vezes. Houve muitas reuniões de um comitê organizado para este fim, formado por

11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro

das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que:

 

 


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“A  atuação  do  Espirito  Santo  na  vida  dos crentes,  se faz  através  de um  processo

chamado santificação progressiva; que manifestações emotivas, por mais sinceras

que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos;

que a ênfase dada a doutrina do batismo no Espirito Santo tem causado reuniões

barulhentas,  carregadas  de  emocionalismo  e  provocado  manifestações  de  orgulho

espiritual,   bem   como   proselitismo   de   crentes   que   não   adotam   tais   idéias.”                    

Isso aconteceu em 1963.  

 



Em  1965,  ao  realizar-se  a  Convenção  em  Niterói,  com  3.035  mensageiros,  as

preocupações maiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o

mesmo   ano.   No   plenário   mais   uma   vez   surgiu   o   problema   da   renovação.                    

O  presidente  vendo  que  isso  atrapalharia  a  campanha  pediu  que  a  questão fosse

resolvida  no  ano  seguinte.  Porém  a  intransigência  dos  reavivalistas  foi  tanta,  que

precisou  ser  resolvida  naquela  convenção.  Decidiu-se  então  pela  exclusão  da

comunhão  as  igrejas  renovadas.  Só  naquele  ano  mais  de  trezentas  igrejas  se

rebelaram  e  tiveram  que  ser  excluídas.  Juntas  formaram  uma  convenção  a  qual

denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve

uma divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.  

 



                                            OS CARISMÁTICOS

 



O movimento pentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as

denominações antigas (batistas, presbiterianas, metodistas, etc.). Até então falar em

línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus condenando as

denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de suas igrejas

originais        condenavam            os       que       não       aceitavam          o      pentecostalismo.

De repente o mundo pentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi a chegada

dos pentecostais católicos, ou CARISMÁTICOS.

 



No   início   de   1960   explodiu   a   mania   carismática   nas   antigas   denominações

Episcopais  da  Califórnia.  Seu  líder  principal  foi  Dennis  Bennet  de  Van  Nuys.  Um

discípulo dele, Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os

anos de 1961-66. Por esse mesmo período Larry Christensen liderou o avivamento

carismático entre as igrejas luteranas nos E.U.A .  

 



Em  1967  foi  a  vez  da  Igreja  Católica  Romana  formar  seu  grupo  de  carismáticos.

Tudo   começou   num   retiro   de   Universitários   na   Universidade   de   Duquesne,

Pittsbush. Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande

líder dos carismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967

ele  levou  a  mensagem  carismática  para  a  Universidade  de  Notre  Dame,  e  muitos

alunos e professores falaram em línguas.  

 



De princípio tanto os pastores pentecostais, como padres católicos, condenaram o

mais  novo  movimento  pentecostal.  Na  verdade  os  padres  até  tinham  uma  certa

razão,  pois,  era  um  ensino  totalmente  contrário  as  doutrinas  do  Vaticano.  Já  os

pastores  pentecostais  condenavam  mais  por  ciúme,  afinal,  a  grande  vantagem  de

falar  em  línguas,  que  foi  a  bandeira  dos  pentecostais  por  mais  de  seis  décadas,

estava agora na boca dos idólatras católicos. A diferença dos carismáticos com os

pentecostais  é:  Primeiro  que  eles  se  renovam  e  permanecem  nas  suas  próprias

congregações,           enquanto        os     pentecostais         históricos       dividiam       as     igrejas.                  

Os     carismáticos        usualmente        pertenciam         à   classe     média,      são     separatistas,

urbanizados, de tendência ecumênica e pluralistas em sua teologia.


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As  igrejas  pentecostais  clássicas  eram  originalmente  constituídas  de  operários  e

eram barulhentas em seus cultos. Na questão de barulho os carismáticos atuais já

alcançaram seus primos pentecostais clássicos. Os carismáticos são idólatras e os

pentecostais não. No demais são bem parecidos.



Os carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975.

Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento

ecumênico  o  Papa  Paulo  falou  simpaticamente  à  assembléia.  Foi  uma  vitória  ao

movimento carismático. De princípio João Paulo II não aprovou muito o movimento.

Mas  atualmente  ele  é  favorável,  principalmente  porque  os  carismáticos  já  se

organizaram em quase todo o mundo, e no Brasil, que é o maior país Católico do

mundo,  o  movimento  está  esparramado  em  quase  todas  as  suas  paróquias.                  

Para dizer com mais sinceridade é o movimento carismático que está conseguindo

deter o movimentos pentecostal e neopentecostal na América Latina, que aliás, é o

grande reduto católico do mundo.  



A  grande  pergunta  é:  Estavam  certos  os  pentecostais  de  condenar  o  movimento

tradicional? Que dizer de uma pessoa que acredita em purgatório, santos e imagens,

cultos aos mortos, adoração de Maria, entre outras  barbaridades, falar em línguas

também?  É  preciso  ter  muito  cuidado  quando  falamos  desse  assunto.  Mais  uma

coisa é certa. O pentecostalismo só causou divisão nas igrejas. No princípio quando

as  igrejas  são  rachadas  sempre  fica  a  mágoa  e  a  rixa  dos  grupos  divididos.              

E isso eu posso afirmar com certeza, que tudo que divide o corpo de Cristo não é do

agrado de Deus.  

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